As famílias de vítimas da covid-19 em Itália estão a entrar com uma ação legal contra o primeiro-ministro, o ministro da saúde e o presidente da região da Lombardia por alegada negligência criminosa no tratamento da pandemia.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, o grupo de 500 500 famílias vai entrar com o processo civil esta quarta-feira junto dos procuradores da província de Bergamo, na Lombardia, que foi duramente atingida durante a primeira onda da pandemia.
As famílias alegam afirmam que os três líderes – Giuseppe Conte, Roberto Speranza e Attilio Fontana – contribuíram para as quase 70 mil mortes por covid-19 em Itália.
O processo concentra-se na ação das autoridades para reabrir um hospital na cidade de Alzano Lombardo, em Bérgamo, horas depois que um surto ter lá ocorrido em 23 de fevereiro e subsequente falha em colocar imediatamente a cidade em quarentena, apesar dos conselhos de cientistas no início de março.
Um elemento crucial da ação legal será a alegada ausência de um plano nacional de pandemia atualizado e o fracasso das autoridades regionais em implementar um plano local que deveria ter sido desenvolvido a partir do plano nacional.
O movimento legal está a ser conduzido por membros do Noi Denunceremo, um grupo para parentes enlutados que se reuniu em abril. O comité de Noi Denunceremo já apresentou 300 queixas legais, que detalham como algumas das vítimas morreram, a procuradores em Bérgamo, que iniciaram uma investigação sobre a suposta negligência das autoridades em junho.
Consuelo Locati, a advogada que lidera o caso, está a pedir 259 mil euros de indemnização para cada uma das 500 famílias que estão a entrar com o processo.
“O governo e a região são responsáveis pela violação das regras e pelo abandono de funções”, disse Locati. “A lei obrigava a Itália a ter um plano nacional adequado e que a autoridade regional implementasse um plano regional adequado.”
Locati afirma que não só o plano pandémico de Itália estava severamente desatualizado, mas que nunca foi testado para perceber se realmente funcionava.
Locati, cujo pai morreu de covid-19, acrescentou que o objetivo não era a compensação financeira, mas sim que as autoridades assumissem a responsabilidade. “Pode ser apenas um euro, mas o que esse euro demonstraria é responsabilidade e a admissão de responsabilidade”, disse.