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Portugal não identificou nova estirpe do Reino Unido. Já está noutros países europeus

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Em Portugal não foi identificada, até ao momento, a nova estirpe do SARS-CoV-2 que apareceu no Reino Unido e que as autoridades britânicas referem ser “mais facilmente transmissível”, disse hoje fonte oficial do Instituto Ricardo Jorge.

“O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) tem vindo a desenvolver, desde o passado mês de abril, um estudo de âmbito nacional sobre a variabiliade genética do SARS-CoV-2 em Portugal, através da análise do genoma deste novo coronavírus”, avançou à agência Lusa fonte do gabinete de imprensa do INSA.

“De acordo com os resultados obtidos até agora, ainda não foi identificada em Portugal a nova variante genética detetada a circular numa região do Reino Unido”, acrescentou a mesma fonte.

Em declarações à Lusa, fonte do gabinete de imprensa do INSA recordou que o “estudo tem como objetivo principal determinar os perfis mutacionais do SARS-CoV-2 para identificação e monitorização de cadeias de transmissão do novo coronavírus, bem como identificação de novas introduções do vírus em Portugal”.

As autoridades britânicas alertaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a descoberta da nova variante do SARS-CoV-2, que é mais facilmente transmissível, embora não haja provas de que seja mais letal ou que possa ter impacto na eficácia das vacinas desenvolvidas.

Cerca de 20 milhões de pessoas estão confinadas desde hoje em Londres e respetiva região metropolitana, devido ao aumento de infeções com covid-19, aparentemente devido à mutação que torna o vírus mais contagioso, situação que o Reino Unido já comunicou à Organização Mundial de Saúde (OMS).

Na sequência desta questão, a ministra da Saúde da Generalitat, o governo da Catalunha, Alba Vergés, partilhou um ‘tweet’ em que pede ao Governo que proíba as ligações aéreas com o Reino Unido.

“Vários países europeus estão a proibir viagens para o Reino Unido. O governo espanhol deve agir já para proteger os cidadãos relativamente à incerteza existente”, escreveu na sua conta de Twitter.

https://twitter.com/albaverges/status/1340660977931530242

O Reino Unido está na lista dos 10 países mais afetados pela pandemia, ao somar mais de dois milhões de casos de infeção e 67.075 mortes.

Fonte do gabinete do Ministério dos Negócios Estrangeiros português anunciou hoje que Portugal segue “com atenção” a evolução da situação epidemiológica no Reino Unido e está a privilegiar a “cooperação estreita” entre as autoridades de saúde dos dois países.

Os Países Baixos, Bélgica e Itália já suspenderam ligações aéreas com o Reino Unido. Em Bruxelas, o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, indicou à cadeia de televisão VRT que a suspensão começa hoje às 24:00 locais (23:00 em Lisboa) e será pelo menos de 24 horas, podendo, porém, ser prolongada.

Por outro lado, um comunicado do Ministério da Saúde holandês recomenda que qualquer introdução desta variante do vírus proveniente do Reino Unido seja limitada tanto quanto possível, “limitando e/ou controlando o movimento de passageiros do Reino Unido”.

Em Berlim, fonte do Ministério da Saúde alemão indicou que o Governo está a encarar “seriamente” a suspensão dos voos provenientes do Reino Unido e da África do Sul, o país africano com maior número de infeções. As restrições do tráfego aéreo proveniente do Reino Unido e da África do Sul “são uma séria opção” que está a ser analisada por Berlim, acrescentou a fonte.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.685.785 mortos resultantes de mais de 76,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 6.134 pessoas dos 374.121 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Nova variante do vírus já está noutros países europeus

A nova variante do coronavírus detetada no Reino Unido pode já ter infetado cidadãos de vários países europeus, afirmou hoje Daniel Prieto-Alhambra, professor de fármaco-epidemiologia da Universidade de Oxford.

Em entrevista à rádio RAC1, Prieto-Alhambra explicou que há um mês que se fala no meio científico sobre uma possível mutação do vírus, que agora seria mais contagiosa, alteração essa que teria sido detetada em vários países europeus.

O especialista considera que ainda é muito cedo para perceber se esta mutação é a causa do aumento repentino de casos em Londres, Alemanha, Itália ou Espanha, embora tenha avançado que é quase certo que já está presente em vários países europeus.

Prieto-Alhambra, também membro do conselho de peritos que assessora a Agência Europeia de Medicamentos sobre as novas vacinas contra o vírus, explicou que os primeiros indícios sugerem que a alteração ocorreu na proteína S do vírus, o que lhe permite adaptar-se melhor e, consequentemente, ser mais contagioso.

Se as pesquisas confirmarem esse facto, Prieto-Alhambra defende que será necessário vacinar mais pessoas do que as previstas para alcançar a chamada imunidade de grupo. Por outro lado, destacou, se já houver mais infetados, embora assintomáticos, do que os estudos agora indicam, “estão a ser desperdiçadas vacinas” com pessoas já infetadas.

Prieto-Alhambra prognostica que, em todo caso, não será possível afirmar que a pandemia estará controlada dentro de meio ano e pediu que todas as pessoas sejam vacinadas. “É mais certo obter imunidade sendo vacinado do que infetado”, acrescentou.

Defendeu também que a vacinação comece por idosos e trabalhadores de setores essenciais, especialmente do setor da saúde, porque daí resultarão menos internamentos devido à covid-19 e a diminuição dos óbitos.

Relativamente à vacina russa, o professor catedrático lamentou “o problema de transparência” com que foi desenvolvida, o que torna difícil saber “se se fizeram atalhos”, o que não aconteceu com as restantes.

ZAP // Lusa

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