O plano de reestruturação da TAP prevê um corte geral de 25% nos salários, mas, de acordo com o Sitava — Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, os cortes só irão abranger os trabalhadores com vencimentos até 700 euros.
A informação surge após o Sitave ter-se reunido por videochamada com o presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, e com o presidente da comissão executiva, Ramiro Sequeira.
“Voltou a falar-se, mais uma vez, na intenção de fazerem cortes nos salários dos trabalhadores como se estes fossem um simples salame, de onde se podem retirar fatias sem que isso atinja a subsistência dos trabalhadores e das suas famílias. Dizem com a maior cara de pau que vão cortar em todos os rendimentos acima de 700 euros. Isto é gente que, claramente, nunca viveu com o salário mínimo ou pouco mais”, lê-se no comunicado do Sitava, citado pelo jornal Público.
Assim, os cortes deverão afetar um universo que, no final do ano passado, rondava os 10 mil trabalhadores.
O Sitava alega que, na reunião, apenas lhes foram mostrados 13 slides de uma apresentação relativa ao plano de reestruturação da companhia, de um suposto total de 198 slides. “Quando pedimos mais informação relevante, dizem-nos que é confidencial e que nos entregarão mais alguma se assinarmos um acordo de confidencialidade, acrescentando ainda que não poderemos divulgá-la, nem aos nossos associados”, escreve o sindicato.
“Para que raio serve então essa informação se não pode ser utilizada? Será esta a nova forma de sindicalismo livre, o sindicalismo secreto?”, acrescenta.
Relativamente aos acordos que deverão ser suspensos, o Sitava diz não ter muita informação, mas relembra que para haver um acordo é necessária a aprovação de ambas as partes. “Suspendê-lo será sempre um ato prepotente que, a acontecer, terá de ser com intervenção do Governo”, realça o sindicato.
Siza Vieira: Salários são superiores aos das congéneres europeias
O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, afirmou hoje que as remunerações pagas a “muitos” dos trabalhadores da TAP são superiores às suportadas por congéneres europeias e que “é preciso um esforço muito significativo” para assegurar a viabilidade futura da companhia aérea.
“No caso da TAP, acresce também que os encargos salariais que [a TAP] tem, em comparação, e as remunerações que são pagas a muitos dos seus trabalhadores, em comparação com as suas congéneres europeias, são também superiores àquelas que as suas concorrentes e congéneres suportam”, disse o governante.
“Portante, é preciso fazer um esforço muito significativo para assegurar que a TAP não se mantém [só] em 2021, ou 2022, mas tem a possibilidade de se aguentar mais tarde”, acrescentou.
De acordo com o ministro da Economia, o que está em causa é a criação de condições para que a TAP possa “sobreviver a longo prazo” e, para isso, é preciso fazer “um ajustamento de dimensão”.
“A decisão que o Conselho de Ministros tomou ontem [terça-feira] foi a de assegurar que há um plano que permite manter a TAP como uma empresa com viabilidade futura”, frisou.
O Governo esteve reunido em Conselho de Ministros extraordinário na noite de terça-feira, para apreciar o plano de reestruturação da TAP, disse à agência Lusa fonte do executivo, que será entregue a Bruxelas na quinta-feira.
A apresentação do plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia é exigida pela concessão de um empréstimo do Estado de até 1.200 milhões de euros, para fazer face às dificuldades da companhia, decorrentes do impacto da pandemia de covid-19 no setor da aviação.
O plano prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, divulgaram os sindicatos.
O Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil (SPAC) e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) apelaram ao Governo que negoceie com Bruxelas o adiamento da apresentação do plano de reestruturação da TAP, denunciando que este está baseado em previsões de mercado “completamente desatualizadas”.
ZAP // Lusa
Mau, não estou a perceber. Então quando o Estado emprega corta nos salários e ao mesmo tempo exige um aumento do salário mínimo ao privado?! Em que ficamos?