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Fratura interna do PS adensa-se. Ala esquerda do partido junta-se a Ana Gomes

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José Sena Goulão / Lusa

À medida que as Presidenciais se aproximam, o PS vai-se partindo ao meio. Depois de o Secretariado Nacional do PS propor liberdade de voto como orientação para as eleições presidenciais, os apoios à candidatura de Ana Gomes começaram a surgir, um por um.

No sábado, na reunião da Comissão Nacional do PS, Pedro Nuno Santos assumiu o apoio à candidatura presidencial da candidata Ana Gomes.

Este domingo, escreve o Expresso, foi a vez de mais dois dirigentes seguirem o mesmo caminho: Duarte Cordeiro, dirigente nacional do partido e secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, e Tiago Barbosa Ribeiro, deputado e líder do PS/Porto.

“Após a decisão da Comissão Nacional do PS em conferir liberdade de voto aos seus militantes nas eleições presidenciais e ao não recomendar o apoio a nenhuma das candidaturas presidenciais, quero expressar a minha posição pessoal”, começou por escrever Duarte Cordeiro no Facebook.

Afirmando “reconhecer aspetos positivos no mandato do atual Presidente da República, designadamente o seu contributo para a estabilização da vida política nacional e o seu papel no combate a esta pandemia”, tal não lhe anula a convicção de que “não deve apoiar uma candidatura de direita, com uma visão política da sociedade distinta” da sua.

Votarei na candidata Ana Gomes“, assumiu.

Tiago Barbosa Ribeiro escreveu, na mesma rede social, que “o meu voto vai para Ana Gomes”, defendendo que “em democracia, as eleições tratam de política e não de personalidades”. “A defesa do Estado Social, do Serviço Nacional de Saúde, da escola pública, da regionalização, dos direitos sociais e laborais e da relação entre instituições, traduzem alinhamentos nos princípios e diferenças”, sublinhou.

Manuel Alegre também declarou apoio à candidata Ana Gomes pela “coragem”, “brilhante carreira profissional” e “pela frontalidade com que tem lutado pela causa da transparência”. O histórico socialista fez chegar uma declaração ao Público, intitulada “a minha opção”, onde começa por dizer que faz “um balanço positivo da forma como o atual Presidente da República tem exercido o seu mandato”.

“A saúde da democracia precisa de escolhas e alternativas claras”, escreveu. “Marcelo e eu não somos da mesma família política. A minha, na próxima eleição presidencial, está representada por Ana Gomes. Por isso, uma vez que a direção do PS não optou por nenhum candidato, venho declarar o meu apoio a Ana Gomes”, declarou.

A candidatura de Ana Gomes é, para Manuel Alegre, “uma afirmação de autonomia política socialista” que diz ter defendido desde sempre.

Apoio Ana Gomes pela sua coragem, pela sua brilhante carreira profissional, pelo seu excecional contributo à causa de Timor Leste, pelo rigor e desassombro com que desempenhou as funções de eurodeputada, pela frontalidade com que tem lutado pela causa da transparência, contra a promiscuidade entre negócios e política”.

Acrescenta ainda que lhe dá o seu apoio também “pelo seu patriotismo, pelo seu sentido de Estado”, pela sua “convicção de que, tal como fez como diplomata, saberá sempre defender “os valores permanentes de Portugal”.

Alegre apoia a ex-eurodeputada também o facto de Ana Gomes ser “uma mulher da esquerda democrática que não teme as causas difíceis“. “Há quem se incomode com o seu estilo. O país precisa de quem saiba incomodar os interesses instalados, os corruptos, os oportunistas, os que, de um modo ou de outro, contaminam a vida pública. Sei que Ana Gomes saberá enfrentar o populismo e a extrema-direita e lutará sempre para fortalecer a democracia e o Estado Social.”

Os apoios que vão surgindo à candidatura de Ana Gomes a Belém vêm salientar a divisão do Partido Socialista. A ala mais à esquerda soma apoios a Ana Gomes contra a vontade de António Costa, que não só pediu “reserva” aos membros do Governo sobre as Presidenciais, como sinalizou, em maio, esperar pela reeleição de Marcelo rebelo de Sousa.

ZAP //

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9 Comments

  1. … … “Pedro Nuno Santos assumiu o apoio à candidatura presidencial da candidata do PS Ana Gomes”… …
    Esta frase não está de acordo com a realidade porque Ana Gomes não é a candidata do PS como mais à frente a notícia desenvolve. Em minha opinião, deveria ser apenas a candidata Ana Gomes (sem PS), ou então, candidata Ana Gomes, militante do PS.

    • O que é certo é que é a única pessoa que se apresente nestas eleições pelo PS. E até tem apoio de uma boa franja do PS. Vamos ver como lhe corre a vida. Será difícil ficar abaixo da anterior candidata do PS, a Maria de Belém.

  2. Não tem fratura nenhuma… é apenas o Partido Socialista no seu explendor de diferenciação e de multiplicidade de opiniões mas de unidade também. Sempre houve no PS várias “tendências”, a mais famosa, e com mais conteúdo talvez tenha sido a de Salgado Zenha.. mas nem por isso “a fraturação” dizimou ou danificou os projetos do PS. Houve muitas “correntes” que não apoiaram Sampaio da Nóvoa… outros não apoiaram Soares.. pode-se dizer que… faz parte do PS, existirem estas diferenças, e bem..

  3. É evidente que muitos votarão na Ana Gomes. Aqueles que dizem que as dívidas não são pagar votam nela. Muitos daqueles que não estão no PCP ou no berloque por causa dos tachos, também votam nela.

  4. Não só Ana Gomes seria uma boa Presidente da República como Marcelo começa a estar fortemente desgastado. Transformou a Presidência da República numa tribuna permanente de comentários sobre tudo e mais alguma coisa, mesmo que nada tenha a ver com a sua função constitucional. Por mim, estou farto da sua verborreia e da sua permanente procura de protagonismo. Só ele conta, só ele interessa. Se vai visitar os sem abrigo, a televisão só o foca a ele, deixando de lado os sem abrigo, os quais passam a ser apenas mais uma desculpa para mais uns comentários e para mais uma chamada de atenção para si. Ser Presidente da República não é isso e por isso era bom mudar para alguém como Ana Gomes.

  5. Se quiserem mostrar que são da esquerda, que defendem valores e princípios humanistas, então façam como a Isabel Moteira e votem num “esquerdista” convicto como são o João Ferreira e a Marisa Matias. A Ana Gomes é apenas uma “tachista” que abandonou o MRPP quando percebeu que por aí não chegaria a lado nenhum. O Pedro Nuno Santos de quem se esperou alguma coisa no governo está a ser uma absoluta nulidade. Enquanto andou nos “assuntos parlamentares” em entendimentos com as Mortáguas ainda fez qualquer coisa, mas assim que lhe deram uma pasta como deve ser está a provar que para além de alguns bitaites com tiques de arrogância saloia nada mais se descortina. Uma miséria. A única coisa boa desta justiceira é talvez colocar o (des)ventura no seu lugar.

  6. Será o PS no seu original, qualquer das maneiras as pessoas são livres de pensar e votar, portanto, cada qual escolherá o que mais se enquadrar com a sua forma de ver a política, se alguém vota em determinado candidato a mando de qualquer partido, essa pessoa já não é livre, é fanático e incapaz de pensar pela sua própria cabeça.

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