O prémio Nobel da Paz foi atribuído em 1973 ao secretário de Estado da Administração de Richard Nixon, e seu assessor de segurança nacional, Henry Kissinger, e ao político vietnamita Le Duc Tho.
As duas personalidades foram galardoadas pelos seus esforços conjuntos para negociar um cessar-fogo na guerra no Vietname que, na verdade, nunca existiu, conta a BBC.
“Logo depois do anúncio do prémio, em outubro, os Estados Unidos bombardearam o Camboja e o norte do Vietname. Kissinger não era claramente um defensor da paz segundo os valores e as intenções de Alfred Nobel”, relembra escritor norueguês Unni Turretini, ouvido pela BBC num trabalho sobre o prémio sueco.
A atribuição deste Nobel da Paz foi polémica: Le Duc Tho recusou o galardão e dois membros do comité sueco deixaram os seus cargos em protesto.
Kissinger não é uma figura consensual: enquanto alguns lhe rasgam elogios pelo seu brilhantismo e experiência ao nível diplomático, outros consideram-no um criminoso de guerra por apoiar ditaduras anti-comunistas, especialmente na América Latina.
Decisão parte da Noruega
A atribuição do Nobel da Paz é decidida na Noruega, ao contrário dos restantes prémios no campo da Física, Medicina, Economia, Química e Literatura.
Na altura da morte de Alfred Nobel, o industrial sueco que inventou a dinamite e criou a atribuição destes prémios, a Noruega estava unificada com a Suécia como um só reino e, na época, tal como atualmente, tinha a reputação de defender a paz mundial.
No entanto, Turretini acredita que este Nobel foi atribuído por causa de outros fatores: “Ocorreu durante a Guerra Fria, e os especialistas acreditam que, dada a proximidade geográfica com a Rússia, a Noruega estava a tentar fortalecer sua aliança com os EUA“.
A decisão é tomada por cinco noruegueses, que são, por norma, políticos ativos ou reformados, recorda ainda a emissora britânica.
Personalidade que fizeram parte de outros comités do Nobel, como o virologista sueco Erling Norrby, têm algumas questões sobre a atribuição deste galardão. “É provavelmente a parte mais fraca do testamento, porque toda a responsabilidade cabe ao comité”.
E continua: “Houve altos e baixos, alguns difíceis de explicar: como é que podem ter dado a Barack Obama um Nobel da Paz quando este mal tinha quatro semanas como Presidente dos Estados Unidos?”, questiona, antes de arriscar uma justificação.
“Estavam claramente a enviar uma mensagem. O Governo norueguês e o comité do Nobel demonstrram repetidas vezes insatisfação com as políticas e ações do Governo de Bush, e o prémio para Obama dizia: ‘Este é o tipo de presidente que queremos nos EUA'”.
No seu entender, o Prémio Nobel da Paz tornou-se muito prestigioso e os cinco membros do comité norueguês ditam as suas próprias regras: “Acham que podem tomar as decisões que quiserem e, tal como o processo de seleção, as suas discussões e anotações são secretas há 50 anos. Sentem que não precisam de dar qualquer justificação”.
O Prémio Nobel
O Prémio Nobel foi instituído no início do século XX a partir dos planos de Alfred Nobel, um industrial sueco que inventou a dinamite, tal como escreve a emissora britânica.
Inicialmente o prémio agraciava aqueles que trabalhavam no campo da Física, Química, Medicina, Literatura e Paz, sendo em 1968 acrescentado o Nobel da Economia.
Tal como explica a historiadora de Ciência Ruth Lewin Sime, este prémio da academia sueca é extremamente conceituado, sendo considerado o maior de todos os prémios.
“Um cientista será lembrado para sempre se estiver nesta lista de vencedores do Nobe (…) Uma das coisas que o Nobel faz é atribuir uma espécie de imortalidade. Esta é a natureza, a aura que envolve o Prémio Nobel”, explica.
Contudo, do outro lado da moeda, podem ser ofuscados cientistas e personalidades importantes que nunca o chegam a receber. “À medida que a história avança, desaparecem gradualmente se estão nas sombras, tornando-se invisíveis”.
ZAP // BBC
Mais uma vez, a propaganda a americana fez das suas!…