Sofrimento e alívio. O Sporting esteve a perder em casa por 1-0 com o Gil Vicente até aos 82 minutos, mas deu a volta ao marcador num curto espaço de tempo, acabando por fixar o resultado final em 3-1.
Um triunfo difícil, que parecia inatingível, mas que surgiu como que numa explosão de emoções, perante a rapidez do 1-1 e do 2-1. Pedro Gonçalves voltou a ser a figura estatística, acompanhado de outros nomes decisivos (Nuno Santos, Tiago Tomás, Sporar), num jogo que manteve o “leão” invicto no campeonato e em segundo lugar, com menos dois pontos que o líder Benfica.
O jogo explicado em números
- Natural o domínio leonino nos minutos iniciais. Os comandados de Rúben Amorim, no seu esquema habitual e com o mesmo “onze” com que haviam batido o Santa Clara na jornada 5, chegaram aos 68% de posse de bola no primeiro quarto-de-hora, e também aos dois remates, ambos por Pedro Porro, de fora da área e os dois enquadrados. Os gilistas mostravam muitas dificuldades para segurar o esférico e, com 58% de eficácia de passe, essa tarefa tornava-se quase impossível.
- A partida não mudou de toada nos 15 minutos seguintes, com mais Sporting, mas o Gil Vicente a aguentar bem a pressão contrária, em especial devido ao excelente trabalho de Rodrigo Prado. O central já havia sido o melhor dos homens de Barcelos no Dragão, e à meia-hora liderava os ratings com 6.0, fruto de dois duelos aéreos defensivos ganhos (100%) e já quatro intercepções.
- O melhor “leão” nesta altura era Sebastián Coates, dominador no jogo aéreo, com um rating de 5.8. O uruguaio havia participado em cinco duelos aéreos, dois ofensivos e três defensivos, com superioridade em todos. E ainda registava três acções com bola na área minhota.
- O Gil praticamente não criava perigo e, perto do intervalo, somava somente duas acções com bola na grande área leonina, dificuldades que se mantiveram até ao apito para o descanso.
- Intervalo Nulo em Alvalade ao descanso premiava a solidez defensiva do Gil Vicente e penalizava a inaptidão leonina nos momentos de finalização. O Sporting esteve claramente por cima na partida, na posse de bola, nos lances ofensivos, nos remates, mas não foi capaz de criar verdadeiro perigo, algo que fica claramente expresso nos expected goals (xG) de 0,4. Também não espanta, por isso, que o melhor em campo nesta fase fosse Coates, com um GoalPoint Rating de 6.5. O uruguaio fez dois remates, somou quatro acções com bola na área gilista e ganhou os seis duelos aéreos em que participou, três ofensivos e outros tantos defensivos.
- Mas o arranque do segundo tempo trouxe uma história diferente. Logo aos 52 minutos, no primeiro remate enquadrado que fez, o Gil Vicente chegou ao golo. Livre da direita de João Talocha e Lucas Mineiro, de cabeça, desviou com sucesso para o 1-0. E, de repente, a equipa que não tinha criado qualquer lance de perigo estava a vencer a formação amplamente dominadora.
- A hora de jogo chegou com o Sporting ainda com mais de 60% de posse, mas o único remate do desafio desde o intervalo pertencia ao Gil, o tal do golo. A pobreza do jogo nesta fase mostrava um Sporting com apenas duas acções com bola na área contrária em 15 minutos, contra uma dos visitantes, pelo que Rúben Amorim teve de mexer na equipa, saindo Neto e Matheus Nunes para entrarem Sporar e Tiago Tomás.
- Os derradeiros minutos foram de uma abordagem quase desesperada do Sporting na procura do golo. Muita correria para recuperar a bola no momento da perda, por vezes sem organização, a desposicionar os médios e os defesas. No ataque faltavam ideias para desmontar a bem urdida teia minhota, com os seus elementos a taparem as linhas de passe e a pressionarem no tempo certo. Porém, como que caído do céu, chegou o empate, aos 82 minutos.
- Na esquerda, Daniel Bragança centrou, Nuno Santos, ao primeiro poste, desviou para o segundo, onde estava Sporar a cabecear para o golo. Um tento algo estranho, ao segundo remate do Sporting na segunda parte, primeiro enquadrado. E no lance seguinte, o 2-1. Novamente Daniel Bragança, a servir o também recém-entrado Tiago Tomás (84′), que assinou a reviravolta no marcador. De um momento para o outro, tudo mudou.
- Agora era o Gil atrás do prejuízo e isso fez com que os homens de Barcelos dessem espaços na retaguarda. Assim, no último lance do desafio, Pedro Gonçalves (90’+6′), de fora da área, rematou colocado e fez o 3-1 final, derrubando definitivamente um adversário que deu “água pela barba” à formação leonina.
O melhor em campo GoalPoint
À entrada para os 80 minutos, poucos esperariam que o jogo terminasse com 3-1 no marcador, e até na luta pelo MVP, “Pote” surgia como candidato frágil à liderança final nos GoalPoint Ratings. Contudo, a excelente recta final da formação sportinguista permitiu não só a reviravolta no “placard”, como na corrida não melhor em campo. Pedro Gonçalves, autor do 3-1, com um belo remate de fora da área, terminou com um rating de 7.2, com dois passes para finalização, três valiosos, mas também entrega aos momentos defensivos, como demonstram as sete recuperações de posse e os dois desarmes. Está em grande forma.
Jogadores em foco
- Nuno Santos 6.8 – Outro dos reforços do “leão” para esta época e que pegou de estaca. O extremo mantém uma influência inegável no futebol leonino e nesta partida brilhou a servir os colegas de equipa. Foram duas assistências em três passes para finalização, bem como três acções defensivas no meio-campo contrário.
- Lucas Mineiro 6.7 – O brasileiro esteve para ser o herói improvável dos minhotos, com o golo que marcou no arranque do segundo tempo. Mas a reacção leonina acabou por lhe ofuscar o feito. Ainda assim, o médio foi o melhor do Gil, com 91% de eficácia de passe, um passe para finalização e cinco recuperações de posse.
- Sebastián Coates 6.6 – O central uruguaio foi o melhor elemento na primeira metade, altura em que os ataques pouco fizeram para derrubar as defesas. Coates assumiu mesmo, em parte, essa tarefa, terminando com cinco acções com bola na área dos “galos”. Muito forte no jogo pelo ar, terminou com sete duelos aéreos ganhos em oito (três defensivos e quatro ofensivos).
- Tiago Tomás 6.5 – Uma espécie de talismã da sorte para Rúben Amorim, pelos golos que tem marcado. Entrou no segundo tempo, com a equipa a perder, jogou 31 minutos e, aos 84, fez o 2-1 que garantiu a reviravolta, no único remate que realizou.
- Nuno Mendes 6.3 – A fiabilidade do costume. O ala-esquerdo voltou a fazer o corredor com qualidade, somando um passe para finalização, incríveis cinco intercepções e 92 acções com bola.
- Andraz Sporar 6.3 – Vilão nos Açores, pelos golos que falhou, o ponta-de-lança entrou decidido a inverter o rumo do jogo e fez de cabeça o 1-1, que deu início à reviravolta.
- Daniel Bragança 6.2 – O jovem entrou e deu tranquilidade ao Sporting nas decisões, apesar de ter jogado apenas 21 minutos. Foi dele o centro que Nuno Santos desviou para o golo de Sporar e foi dele a assistência para o tento de Tiago Tomás. Fez 12 passes e não errou nenhum.
// GoalPoint