Médica morre de covid-19 após usar a mesma máscara durante “semanas, se não meses”

Alejandro Garcia / EPA

Uma médica norte-americana morreu esta semana após ter sido identificada com covid-19 em julho. Contudo, o seu estado de saúde veio a agravar-se nos últimos meses, e há suspeitas que a infeção tenha sido contraída após negligência no local de trabalho, uma vez que a médica usou a mesma máscara de proteção durante “meses”.

Adeline Fagan, uma médica norte-americana que morreu de covid-19 aos 28 anos, passou “semanas e semanas, se não meses e meses” a usar a mesma máscara protetora, contou uma das suas irmãs ao The Guardian. Embora a origem do contágio que acabou por a vitimar não seja clara, a falta de equipamento protetor tem sido um fator-chave nas mortes de profissionais de saúde nos Estados Unidos.

Natural do estado de Nova Iorque, Fagan trabalhava no HCA Houston Healthcare West, no Texas, e encontrava-se no segundo ano da sua residência em obstetrícia e ginecologia. Em julho, começou a ter sintomas e fez um teste ao coronavírus, que deu positivo.

Inicialmente a médica ficou de quarentena em casa, mas quando os sintomas se agravaram teve de ser internada no hospital. Com os pulmões a falhar recebeu oxigénio durante duas semanas, sendo depois transferida para outra instituição onde a ligaram a uma máquina de oxigenação.

De repente, a norte-americana teve uma hemorragia cerebral que a obrigou a ser submetida uma operação, da qual nunca recuperou, acabando por falecer dois meses depois de ser identificada com a doença.

Segundo o The Guardian, a idade média de morte pela doença entre esses profissionais nos EUA é 57 anos, contra os 78 para a população em geral, e num terço dos casos a morte tem a ver com a falta de equipamento protetor adequado. Entre os trabalhadores da área da saúde falecidos até agora, cerca de uma dúzia em todo o país, incluindo Fagan, tinha menos de 30 anos de idade.

Tendo em conta que médicos, enfermeiros e outras pessoas envolvidas em tratamentos médicos tem uma probabilidade muito maior de ser infetado do que uma pessoa normal, a falha é difícil de explicar, somando-se a outras atitudes negligentes de que alguns políticos e governantes americanos têm vindo a ser acusados nos últimos meses.

A urgência em “reabrir a economia”, com os respetivos riscos inerentes, tem vindo a ser especialmente notada em estados liderados por políticos próximos do atual Presidente, Donald Trump, como a Florida ou o Texas.

No Texas, 9 médicas morreram em abril, tendo este número aumentado para 33 em julho, depois do governador Greg Abbott ter feito pressão para reabrir os negócios no estado.

O funeral de Adeline Fagan realizou-se no passado sábado.

ZAP //

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