A campanha “frugal” de Ana Gomes vai existir numa versão mista: física e online. A candidata lança-se assim na corrida presidencial, ao mesmo tempo que no campo interno se joga o futuro do PS. Em termos de calendário, são as eleições presidenciais que se aproximam, mas o futuro pós-Costa é o que mais divide o PS.
Paulo Pedroso, diretor de campanha de Ana Gomes, deu uma entrevista ao Observador na qual adianta que a campanha presidencial da candidata socialista se vai destacar por ser “muito frugal”, de “baixo orçamento auto-imposto”, sem outdoors, sem brindes, nem jantares comícios.
O primeiro evento acontece na próxima segunda-feira, dia 5 de outubro, no Teatro da Trindade, em Lisboa. Todos os eventos terão um denominador comum: além de terem uma dimensão presencial, serão também transmitidos online para que seja garantida a participação de expectadores à distância – uma característica que, em tempos de pandemia, ganha especial destaque.
O objetivo da equipa de Ana Gomes é conseguir uma campanha intimista, mas ao contrário: em vez de ser a candidata a falar para uma pequena plateia, será a pequena plateia a falar para a candidata ouvir.
“O objetivo é ter uma campanha junto das pessoas, com as circunstâncias das limitações impostas pela situação de saúde publica, e com um caráter completamente diferente das outras num ponto: as pessoas não vão ouvir Ana Gomes, Ana Gomes vai ouvir as pessoas”, resumiu Pedroso em declarações ao diário.
As eleições presidenciais travam-se em janeiro de 2021 e, num ano marcado por um vírus inesperado, o tempo passa a correr. As presidenciais batem à porta, os primeiros passos começam a ser dados e, ao mesmo tempo que se joga um jogo de tabuleiro ao nível presidencial, entram em campo, sorrateiros, os convocados para um jogo interno que promete abalar e dividir o PS.
As presidenciais são um mote para se jogar o futuro do partido: quem está do lado de Ana Gomes na corrida presidencial tenderá a apoiar Pedro Nuno Santos quando este se candidatar à cadeira de líder.
O Diário de Notícias sublinha que o ministro das Infraestruturas e da Habitação nunca concorrerá contra António Costa, mas não há dúvidas de que está disposto a esperar até que o atual secretário-geral deixe a liderança. Aliás, ele próprio assumiu essa intenção em maio de 2018, no congresso nacional que o PS realizou em Alcobaça.
A candidatura de Ana Gomes às eleições presidenciais do próximo ano nada mais fez do que pôr a descoberto as fraturas internas de um partido dividido. Se Pedro Nuno Santos apoia a candidata socialista, Augusto Santos Silva e Carlos César estão em contramão.
O apoio do ministro das Infraestruturas surgirá explicitamente assim que a Comissão Nacional do PS discutir a questão presidencial, na reunião marcada para dia 24 de outubro. Pedro Nuno Santos vai declarar apoio a Ana Gomes como parte do seu caminho à esquerda para, um dia, suceder a António Costa.
A seguir à Comissão Nacional muitos outros apoios à candidatura da socialista vão surgir dentro do partido. De acordo com o DN, é muito provável que o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, e o deputado Pedro Delgado Alves o façam, assim como Maria Begonha e Elza Pais.
Neste jogo interno do PS, fica por saber quem se vai aventurar contra Pedro Nuno Santos, assim que Costa deixar o cargo. Um dos nomes apontados é Fernando Medina, atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Pois! Ela já sabe o que aconteceu à abelha maia da outra vez. Pode não ter o número de votos suficiente para levar uma batelada e depois andar a pedir de joelhos para pagar as contas. Essa dos eventos serem transmitidos online é uma boa ideia. É da maneira que eu não sou obrigado a vê-los.