Bolsonaro considera “lamentável” discurso de Biden que apela ao país que pare de destruir a Amazónia

Joedson Alves / EPA

Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil

Jair Bolsonaro classificou como “lamentável” o comentário de Joe Biden durante  o debate presidencial que ocorreu na madrugada de terça-feira. O candidato democrata mostrou-se preocupado com o facto das florestas tropicais no Brasil estarem a ser destruídas.

As declarações de Biden sobre a Amazónia no debate eleitoral correram o mundo, provocando agora uma reação de Bolsonaro, que sempre declarou publicamente ser um admirador de Trump.

“Lamentável, Sr. Joe Biden, sob todos os aspetos, lamentável”, escreveu o Presidente do Brasil na sua conta do Facebook.

Antes de fazer a crítica, Bolsonaro lembrou, numa longa mensagem escrita em português e inglês: “O candidato à presidência dos EUA Joe Biden disse ontem (terça-feira) que poderia nos pagar 20 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros) para pararmos de “destruir” a Amazónia ou nos imporia sérias restrições económicas”.

“O que alguns ainda não entenderam é que o Brasil mudou. Hoje, seu Presidente, diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos, criminosas demarcações ou infundadas ameaças. Nossa soberania é inegociável”, afirmou Bolsonaro no texto.

O Presidente brasileiro defendeu, sem explicar exatamente a que se referia, que o seu governo está a desenvolver ações sem precedentes para proteger a Amazónia.

“A cooperação dos EUA é bem-vinda, inclusive para projetos de investimento sustentável que criem emprego digno para a população amazónica, tal como tenho conversado com o Presidente Trump”, acrescentou o chefe de Estado brasileiro. Bolsonaro defendeu ainda que “a cobiça de alguns países sobre a Amazónia é uma realidade”.

“Contudo, a externação por alguém que disputa o comando de seu país sinaliza claramente abrir mão de uma convivência cordial e profícua”, comentou. “Custa entender, como chefe de Estado que reabriu plenamente a sua diplomacia com os Estados Unidos, depois de décadas de governos hostis, tão desastrosa e gratuita declaração”, criticou.

Num debate aceso com o atual presidente dos EUA Donald Trump, Biden disse, ao ser questionado sobre a política ambiental que pretendia adotar – caso seja eleito – que “as florestas tropicais do Brasil estão a ser destruídas”.

“É absorvido mais carbono naquela floresta do que é emitido pelos Estados Unidos. Vou garantir que vários países se juntem e digam (ao Brasil): aqui estão 20 mil milhões de dólares. Parem de destruir a floresta. E se vocês não pararem, então sofrerão significativas consequências económicas”, disse o candidato do partido Democrata norte-americano.

Relativamente a questões relacionadas com o ambiente e o clima, Biden deixou claro que se for eleito irá promover o regresso dos Estados Unidos ao Acordo de Paris para o Clima, do qual Trump se desvinculou.

Desde a sua eleição, Bolsonaro tenta uma reaproximação do Brasil com os EUA, mas o mal-estar face à declaração de Biden indica que em caso de vitória democrata, o governante do país sul-americano poderá ter os seus planos de aproximação frustrados.

Estas declarações de Biden surgem num altura em que o Brasil tem sido frequentemente alvo de pressão internacional pela preservação da Amazónia. A desflorestação da Amazónia cresceu 34% de agosto de 2019 a julho de 2020, em comparação com o mesmo período homólogo, segundo dados compilados anualmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

ZAP // Lusa

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