“É uma tolice continuar a usar gás natural”, diz ministro do Ambiente

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Mário Cruz / Lusa

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, afirmou que a aposta no hidrogénio verde é a melhor opção para descarbonizar a indústria nacional e que “é uma tolice continuar a usar gás natural” num cenário de reindustrialização.

“Descarbonização e eletrificação não são sinónimos. O gás faz falta para a reindustrialização do país, mas tem forçosamente de ser de origem renovável. É uma tolice continuar a usar gás natural”, disse esta segunda-feira Matos Fernandes, na abertura da conferência “Ação Climática – Desafios Estratégicos”, que decorreu na Alfândega do Porto.

“Quando falamos em descarbonizar o país falamos numa maior eletrificação do país. Vamos mesmo chegar a 2030 com 80% da eletricidade que consumimos a partir de fontes renováveis. Isto significa muito menos importações de combustíveis fósseis – petróleo e carvão – com grandes ganhos para a balança comercial e com muito maior autonomia energética”, indicou o ministro, citado pelo ECO.

E explicou: “A eletricidade não resolve tudo, por isso tem de continuar a haver gás. Deve ser o gás natural? Numa fase de transição não há alternativa. No futuro, não. Devem ser gases renováveis, como o hidrogénio e o biometano, que vão poder ser injetado na rede de gás”.

“O ambiente deve ter uma política ativa e de investimentos. A presidente da Comissão Europeia já disse que os investimentos na sustentabilidade vão ser o motor da recuperação económica e Portugal quer liderar processo. É fundamental desbloquear fundos públicos para esta transição. Já estamos à frente da média e já conseguimos provar em 2019 que não há uma relação feliz entre emissões poluentes e crescimento da economia”, disse.

Matos Fernandes salientou que não sabe “quanto tempo mais os bancos vão viver sem testes de stress associados aos seus investimentos verdes”.

José Sena Goulão / Lusa

O gestor da petrolífera Partex, António Costa Silva, conselheiro do Governo

Presente no evento, o CEO da petrolífera Partex, António Costa Silva, indicou que “estamos numa encruzilhada: a procura de petróleo está pela primeira vez a declinar e as renováveis a crescer. Temos grandes petrolíferas como a Exxon Mobil a sair do mercado de capitais e a perder a sua capitalização bolsista. É uma oportunidade histórica”.

Para Costa Silva, “o hidrogénio não é delírio tecnológico”. “A aposta no hidrogénio tem de ser compreendida no contexto de descarbonização da economia. É fundamental paras as cimenteiras e as petroquímicas. As empresas sabem que se não descarbonizarem vão ser afetadas na sua atividade porque todos os stakeholders o vão exigir. A energia vai desempenhar papel fulcral na nova onda de desenvolvimento económico”, referiu.

Francisco Ferreira, da Associação Zero, adisse que uma das questões associadas ao hidrogénio é o risco de “apostar apenas neste gás renovável como uma commodity para exportação”. Alertou ainda para o perigo de “alcatifar zonas inteiras do país com painéis fotovoltaicos”. “Não podemos ter centenas de hectares de solar em salvaguardar a paisagem. Por isso temos de apostar mais nas comunidades energéticas e na energia solar nos edifícios”, defendeu.

Matos Fernandes concordou com o ambientalista sobre a necessidade de “as comunidades de autoconsumo terem de florescer”. Sobre alcatifar o país com painéis solares, destacou que “os 7 GW de produção solar concentrada necessários para cumprir as metas não vão ser instalados no ar, mas sim no chão”.

“Todos os grandes projetos solares têm de ter uma avaliação de impacto ambiental. Há áreas em Portugal em que os solos são muito pobres e o único rendimento que os proprietários podem obter é arrendar terrenos para a produção de energia solar. Não podemos dizer que queremos energias renováveis, que o solar tem de crescer exponencialmente porque a energia hídrica vai perder importância e depois não ter onde instalar centrais solares”, acrescentou.

Na conferência participaram ainda o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes e o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos.

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5 Comments

  1. Portugal deve ser exemplo na revolucao, so ganha a medium longo prazo. E preciso e necessario planear e construir as estruturas para nova revolucao de hidrogenio…deixem de aberrracoes solares sao projetos bons curto prazo mas muito poluiente paisagistico e de materiais no seu final de vida.
    Vamos a todo o vapor para hidrogenio ‘e futuro…lembrando que precisa de sistemas de seguranca avancados, dependendo do tipo de armazenamento.
    Precisamos de construir novos equipamentos para consumir o hidrogenio, ja e nao para amanha.

  2. Será que este senhor não se lembra que foi o governo do PS com o seu camarada engenheiro Sócrates que ofereceu o negócio da distribuição do gás aos seus amigos da Galp?? “Com papás e bolos se enganam os tolos!” O governo do PS tem memória curta!

  3. Boa tarde será que a produção do hidrogénio não tem custos ambientais, como vai ser obtida a energia necessária para a obtenção do hidrogénio?. A cota de energia renovável em portugal(e falo em eólica e fotovoltaica) ainda não é 100%. E os custos de segurança no transporte e armazenamento?.
    Cheira a esturro.

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