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Governo cria área dedicada a doenças respiratórias (e “acelera” rastreios ao cancro)

José Sena Goulão / Lusa

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde anunciou esta quinta-feira que vão ser criadas áreas dedicadas a doenças respiratórias para utentes com o vírus SARS-CoV-2 ou sem o novo coronavírus.

“Vão ser criadas áreas dedicadas a doenças respiratórias, fruto da evolução das áreas dedicadas Covid” e da “aprendizagem” que foi feita com essas estruturas, disse António Lacerda Sales, à margem da conferência “Valorizar e Reforçar os Serviços de Saúde na Região de Leiria”, organizada pelo Grupo Económico e Social da Região de Leiria, no Mosteiro da Batalha.

Agora, essas áreas dedicadas serão adequadas e adaptadas àquilo que é uma época diferente, onde pode coexistir a doença covid com a não covid respiratória, e até em situação de coinfeção”, afirmou o secretário de Estado.

Segundo explicou, sendo uma área dedicada a doenças respiratórias será possível fazer a diferenciação do diagnóstico e “criar circuitos de distribuição e de segurança para que as pessoas possam ser diferenciadas entre doença Covid e doença não Covid, sendo que a sintomatologia é a mesma”.

“Estamos a aperfeiçoar e vamos melhorar estas áreas dedicadas às doenças respiratórias, obviamente tendo sempre a montante o SNS 24, que é a estrutura que faz a indicação para a pessoa se dirigir à área dedicada respiratória, se houver necessidade, através do algoritmo”, acrescentou.

Na conferência, Lacerda Sales afirmou que o “critério de segunda vaga é subjetivo”, admitindo que se está a enfrentar uma “fase de crescimento epidémico sustentado”.

“Este crescimento epidémico pode vir a ser uma segunda vaga — como se lhe queiram chamar —, mas isto só aumenta a nossa consciência de que temos de nos proteger, sobretudo, os mais vulneráveis”, avançou, ao referir que a doença tem vindo a “mudar o seu perfil e a sua caracterização”.

“Hoje, cerca de 10/11% dos novos casos são acima dos 70 anos e à volta de 50%, entre os 20 e os 49 anos. Isto significa que estamos a proteger bem as faixas mais vulneráveis, nomeadamente em lares e os mais idosos, mas reconheço que pode haver alguns comportamentos mais laxivos, no sentido de maior facilitismo nas faixas mais jovens”, referiu.

Lacerda Sales afirmou também que Portugal vai “duplicar a capacidade de testagem”. “Estávamos a fazer à volta de 12/13 mil testes, queremos chegar aos 24 mil testes diários e isso duplica nossa capacidade de testagem”, declarou.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde — eleito do PS pelo círculo de Leiria — salientou que Portugal já testou “mais de dois milhões de pessoas e 240 mil por milhão de habitantes“.

Somos o sexto país da Europa a testar. Estamos a ampliar a nossa rede de expansão laboratorial, que terá reflexo ao nível das diferentes regiões. Tem o foco no Serviço Nacional de Saúde, mas também o apoio da academia e do setor privado. Garantidamente conseguiremos fazer entre 43 a 45 mil testes diários ao nível do país, juntando estas três forças”, sublinhou.

O governante precisou que “muito rapidamente” poder-se-á chegar aos 24 mil testes diários.

Em agosto, António Lacerda Sales já tinha indicado que a tutela está a trabalhar na expansão da capacidade laboratorial com o objetivo de duplicar a capacidade de testagem para cerca de 22.000 testes por dia, referindo que àquela data eram feitos 10.000 testes por dia no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Ministério da Saúde vai “acelerar” rastreios ao cancro

António Lacerda Sales disse ainda que o Ministério da Saúde está a “acelerar o processo” dos rastreios aos diferentes cancros, situação que foi prejudicada durante a pandemia.

“Para nós é uma situação muito preocupante. Se não parámos e conseguimos manter fora deste processo [Covid] os IPO [Instituto Português de Oncologia] — embora com algum decréscimo —, a nossa preocupação na área da oncologia vai exatamente para os rastreios do cancro da mama, do cancro do colo do útero e do cancro colorretal”, disse Lacerda Sales.

O secretário de Estado assegurou que o Governo está “a acelerar e a fazer a reprogramação de todos esses rastreios em todas as regiões do país”.

O secretário de Estado mostrou-se ainda confiante na resposta dos cuidados intensivos do SNS. “No início da pandemia tínhamos 1.142 ventiladores. A preocupação foi duplicar essa capacidade. Como os ventiladores não funcionam sozinhos, reforçámos a estrutura de recursos humanos e essa foi uma das maiores vitórias.”

ZAP // “Lusa”

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