O trabalho pode ser um adversário contra o tempo de sono diário. Um novo estudo mostra que dormimos cerca de 30 minutos a menos do que precisamos por cada noite da semana de trabalho. Talvez por isso a maior parte das pessoas argumente que o fim de semana é a oportunidade perfeita para “recuperar o sono”, mas esta pode não ser a melhor solução para a saúde.
No estudo, publicado a 19 de agosto, foram incluídas 100 pessoas com idades entre 60 e 71 anos, que foram acompanhadas ao longo de dois anos – na sua transição para a reforma. Foi-lhes medido o sono em três momentos diferentes, com um ano de distância, de forma a comparar os hábitos de sono enquanto as pessoas estavam a trabalhar e quando estavam reformadas.
Após a reforma, os participantes mostraram que dormiam todos os dias como se fosse sempre fim de semana, ou seja a duração do sono diário aumentou, o que significa que os reformados dormiam o mesmo tempo todas as noites da semana.
O tempo de sono que as pessoas costumavam ter aos fins de semana, enquanto ainda trabalhavam, correspondia à duração do sono que preferiam ter e não ao sono ideal de “recuperação” que era suposto, explica o Bussiness Insider.
As noites dormidas ao fim de semana não compensam o sono perdido durante a semana de trabalho. Isso significa que os participantes do estudo tiveram privação parcial crónica do sono enquanto trabalhavam, o que corresponde a cerca de 2,5 horas por semana — uma média de meia hora por noite.
Embora seja recomendado que os adultos durmam pelo menos sete horas por noite para serem saudáveis, as necessidades de sono variam entre as pessoas. A verdade é que alguns estudos indicam que é fundamental dormir menos quando se é mais velho do que quando se é mais jovem.
As pessoas são diferentes e por isso têm necessidades distintas, o que torna difícil decidir o que constitui “pouco” tempo para o sono de qualquer indivíduo. Porém outros estudos descobriram que dormir apenas seis a sete horas afeta a atenção e o tempo de reação negativamente, por isso o tempo ideal de sono será de oito a nove horas.
A privação parcial do sono como resultado do trabalho pode durar anos, razão pela qual os efeitos acumulados devem ser considerados. Dormir menos de sete horas regularmente está relacionado com o aumento do risco de várias doenças, como a diabetes, AVC e depressão.
Ir para a cama a tempo de dormir horas suficientes e ainda acordar para ir trabalhar nem sempre é fácil, sobretudo para a maioria da população, que tem o “relógio biológico” atrasado. Isso significa que estas pessoas preferem dormir mais tarde e acordar mais tarde do que as pessoas com um relógio biológico adiantado.
Pessoas com um relógio biológico atrasado têm tendência a adiar a hora de ir dormir e têm dificuldade em acordar ao fim de semana. Quando o relógio biológico não está sincronizado com o relógio social, o horário imposto pela sociedade, pode ocorrer um “jetlag social”.
Embora os padrões de sono se tornem mais estáveis após a idade da reforma, as pessoas ainda vão para a cama e acordam cerca de meia hora depois aos fins de semana, em comparação com os dias de semana. Isso pode dever-se a fatores sociais – como visitar amigos ou ir a festas.
Outra conclusão do estudo mostra que os participantes reformados com um parceiro que ainda está a trabalhar em tempo integral, mudaram menos o seu tempo de sono do que os demais, destacando que o sono é social, e não um fenómeno puramente individual.
Ainda assim, há algumas coisas que podem ser feitas para ajustar os padrões de sono ao trabalho, e evitar o “jetlag social” que teima em surgir à segunda-feira de manhã. A luz da manhã atrasa o relógio biológico, tornando mais fácil adormecer à noite.
Também ajuda priorizar o sono e manter uma rotina de sono mais regular, mesmo nos fins de semana. É possível estar um tempo extra na cama nas manhãs de fim de semana, mas deve-se evitar perder muito tempo a dormir, pois assim é mais difícil entrar num ciclo vicioso de perda de sono.
O estudo sugere assim que o trabalho faz com que as pessoas percam horas de sono e impede-as de dormir de acordo com o seu ritmo natural, mas tentar recuperar o tempo perdido ao fim de semana pode descontrolar totalmente o nosso relógio biológico.