A Premom, aplicação norte-americana que aconselha as utilizadoras sobre fertilidade e ovulação recorrendo à análise da informação sobre a sua saúde sexual, vendeu alguns desses dados pessoais a empresas chinesas.
Segundo um artigo do Extreme Tech, a aplicação, disponível para Android e no Google Play e que se apresenta como um método que ajuda as utilizadoras a “engravidar, de forma rápida e natural”, vendeu às referidas empresas dados sobre a localização, outras aplicações instaladas nos telemóveis e identificadores de dispositivo que podem ser usados para rastrear os utilizadores em vários ‘websites’.
Esta descoberta foi feita pela International Digital Accountability Council (IDAC), uma organização independente sem fins lucrativos, que partilhou a conclusão o Washington Post. A Premom está sediada em Illinois, nos Estados Unidos (EUA), onde as normas sobre privacidade de dados são bastante rígidas. A empresa pode ter infringido a lei estadual ao coletar e vender os dados sem o consentimento dos clientes, avançou o Extreme Tech.
Mas esta não é a única empresa de aplicações para grávidas a vender informações. De acordo com o Consumer Reports, existem cinco aplicações de análise do período menstrual que partilham dados com anunciantes, incluindo a Ovia, que os fornece às seguradoras como parte de programas de bem-estar.
A Premom tinha três parceiros chineses: a Jiguang, a Umeng e a UMSNS. O acesso da Jigunag foi interrompido a 06 de agosto, após a IDAC entrar em contato com a empresa, enquanto a Umeng e a UMSNS tiveram acesso até 19 de junho. Suspeita-se que a Jiguang esteja a transmitir dados através de criptografia personalizada, semelhante ao que a aplicação TikTok fazia até novembro de 2019, quando o sistema foi descoberto.
O Extreme Tech indicou que, num período de recessão, as empresas compram esse tipo de dados para perceber quais das suas funcionárias podem estar a tentar engravidar, visto que é ilegal pedir-lhes que forneçam essa informação. Ter essa aplicação no telemóvel é sinal de que a utilizadora pensa em engravidar, sublinhou.
Como referiu o artigo, é público que as empresas compram, vendem e partilham dados de várias fontes. Uma vez vendidas, não é possível saber de que forma essas informações serão utilizadas ou tratadas pelas empresas que as compraram.
Ainda segundo a Consumer Reports, nenhuma das aplicações analisadas “atendeu às expectativas de privacidade”, com todas a vender os seus dados para terceiros.
Os dados de localização, concluiu o Extreme Tech, são cada vez mais utilizados. Os serviços secretos norte-americanos, por exemplo, coletam informações sobre os cidadãos, proibidas de obter sem um mandado. Departamentos de polícia de vários estados, por sua vez, trabalham em conjunto com empresas que desenvolvem leitores de matrículas, com o intuito de criar dispositivos para rastrear indivíduos com multas por pagar.