Portugal está a ser usado como rota pelas redes internacionais dedicadas à prática de burlas informáticas no estrangeiro. O crime de lavagem de dinheiro duplicou em seis meses.
De acordo com o Jornal de Notícias, Portugal entrou na rota das redes criminosas internacionais dedicadas à prática de burlas informáticas no estrangeiro.
Desde o início deste ano, a Polícia Judiciária (PJ) detetou a movimentação de pelo menos 15 milhões de euros – o dobro da quantia intercetada no ano passado. Assim, o crime de lavagem de dinheiro duplicou em apenas seis meses.
As redes criminosas internacionais atuam através da criação de empresas de fachada que são utilizadas para lavar os lucros obtidos pelos crimes. “As empresas são quase sempre sociedades unipessoais que não têm, após a constituição e abertura das contas, quaisquer atividades”, explicou a PJ à JN. Normalmente, são sediadas “em escritórios virtuais ou moradas falsas”. Já as contas são abertas em vários bancos, “por norma” uma em cada.
Segundo a PJ, as organizações usam Portugal como rota nos seus crimes devido à “facilidade de criação de empresas proporcionada pelo sistema Empresa na Hora”, que permite criar, num único momento, sociedades comerciais por quotas, unipessoais por quotas e anónimas. O balcão está em funcionamento há 15 anos.
Por outro lado, o Ministério da Justiça rejeita esta hipótese. “O Ministério da Justiça desconhece a relação causal entre o balcão “Empresa na Hora”, que existe desde 2005 e não dispensa ato presencial, e o crime organizado”, sublinhou a tutela, em resposta ao JN.
Segundo o mesmo jornal, esta “vantagem competitiva de Portugal” está a ser “aproveitada” por associações criminosas da Europa do Leste ou da África subsariana para lavar dinheiro obtido com burlas informáticas sobre residentes nos Estados Unidos, França e Itália.