Guerra aberta pelo ouro da Venezuela em Inglaterra. Maduro ordena investigação ao “roubo”

(h) Miraflores Press / EPA

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela, ordenou uma “investigação penal” ao que denomina “o roubo de ouro venezuelano” que está depositado no Banco Central de Inglaterra. Esta é a resposta do governante depois de o Tribunal Comercial de Londres ter decidido que é o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, quem tem autoridade sobre as reservas de ouro.

A administração do Banco Central da Venezuela (BCV), nomeada por Maduro, vai recorrer do parecer emitido pelo tribunal britânico que o impede de ter acesso às reservas de ouro depositadas no Banco da Inglaterra.

A sociedade de advogados Zaiwalla & Co., que representa o presidente do BVC, Calixto Ortega, anunciou em comunicado que, ao decidir que é a administração temporária nomeada pelo líder da oposição Juan Guaidó quem tem acesso ao ouro, o tribunal ignorou “a realidade no terreno” de que é o Governo de Maduro que “controla” as instituições do Estado na Venezuela.

O juiz Nigel Teare, do Tribunal Comercial de Londres, que pertence ao Tribunal Superior de Justiça, decidiu que o poder de decisão sobre as reservas de ouro pertence à administração interina do Banco da Venezuela nomeada pelo presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição venezuelana Juan Guaidó.

Depois de ouvir as partes, o juiz Nigel Teare concluiu que o Governo do Reino Unido reconheceu “inequivocamente” Guaidó como “presidente constitucional interino” do país latino-americano e que, portanto, são os administradores por ele indicados para o BCV quem tem autoridade sobre as reservas de 31 toneladas de lingotes no valor de cerca de 1.300 milhões de euros depositadas no banco central britânico.

Entretanto, Maduro “solicitou aos órgãos de Justiça o início de uma investigação contra os envolvidos neste ‘roubo’ dos recursos de todos os venezuelanos“, anunciou a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, em declarações ao canal estatal.

“Negar o ouro à Venezuela para lidar com a pandemia [da covid-19] é cometer um crime de extermínio“, disse ainda, acusando Inglaterra de aplicar “normas imperiais como se a Venezuela não tivesse um território”.

Delcy Rodríguez também acusou Guaidó e a sua representante em Inglaterra, Vanessa Neumman, de quererem apropriar-se do ouro.

Por seu turno, Guaidó referiu no Twitter que a decisão do tribunal britânico protege as reservas de ouro “de um saque”. “Protegemos as reservas de ouro das garras da ditadura”, escreveu, salientando que “o ouro está protegido dos saques do regime”.

Nicolás Maduro está no poder desde 2013, mas o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, auto-proclamou-se Presidente da República interino em Janeiro de 2019 e declarou que assumia os poderes executivos .

Guaidó conta com o apoio de quase 60 países, incluindo o Reino Unido.

Desde o reconhecimento de Guaidó como presidente interino pelo Governo britânico, em Fevereiro de 2019, que o Banco de Inglaterra recusou sistematicamente a Caracas devolver parte das reservas de ouro que o país sul-americano possui em seu nome.

Em Julho de 2019, a Assembleia Nacional designou uma administração temporária para o BCV, mas a decisão foi declarada nula pelo Tribunal Supremo venezuelano.

A Venezuela fez vários pedidos para recuperar o equivalente a mil milhões de dólares (cerca de 991 milhões de euros) de ouro, mas Juan Guaidó escreveu duas vezes ao Banco de Inglaterra para rejeitar esses pedidos de Maduro.

Perante as recusas, o BCV acabou por levar o Banco da Inglaterra a tribunal, argumentando que precisa desses fundos para combater a pandemia da covid-19.

ZAP // Lusa

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