Milhares de coelhos selvagens e domésticos de vários estados dos Estados Unidos e do México morreram depois de contrair a doença hemorrágica viral de coelho tipo 2 (RHDV2), escreve a imprensa internacional.
“Alguém viu [os coelhos] a sofrer com espasmos e a gritar. Tentamos fazer reanimação cardio-pulmunar (RCP), mas os coelhos morreram numa questão de minutos. Convulsionaram, gritaram horrivelmente e morreram”, descreveu ao portal The Cut
a veterinária Lorelei D’Avolio, do Centro de Medicina Aviária New York Exotic.
O vírus, cujo período de incubação dura cerca de três dias, quase não causa sintomas, reduzindo apenas o apetite e a energia dos animais, conta o portal Russia Today.
No entanto, durante este período de tempo, o vírus ataca as células hepáticas do infetado, causando hepatite. Além disso, o vírus prejudica outros órgãos, como é o caso do coração e pulmões, causando consequentemente um sangrento interno.
Como resultado deste quadro, 90% dos coelhos infetados acabam por morrer, segundo o Departamento de Agricultura do estado da Califórnia. Os restantes tornam-se “bombas biológicas” ,uma vez que são capazes de transmitir o vírus durante dois meses.
“Chamamos-lhe o ‘ébola dos colehos'”, descreve ao Business Insider a veterinária Amanda Jones, de Killeen, Texas, frisando, contudo, que este vírus que está a dizimar milhares de coelhos nos EUA e México “não está relacionado de nenhuma forma” com o ébola.
Detetado em França em 2020
Tal como o RHDV tipo 1, detetado pela primeira vez na China em 1984, o RHDV2 é um vírus de RNA não revestido com cerca de 30 nanômetros de diâmetro.
Foi detetado pela primeira vez em França em 2010.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o RHDV2 é transmitido pelas vias oral, nasal e parenteral (o último termo inclui qualquer via, exceto a via digestiva). Prefere a alcalinidade e pode sobreviver em meios com pH entre 3 e 12.
Os cientistas já confirmaram que pode permanecer durante 90 dias no corpo de um animal selvagem. Ao contrário do RHDV1, este vírus “é muito mais persistente”, diz D’Avolio. “É muito mais infeccioso que a covid-19 (…) É resistente a temperaturas extremas e pode ser transmitido por insetos e cadáveres. Pode espalhar-se através da água e dos sapatos”.
Quanto à origem do RHDV2, alguns cientistas assumem que este vírus evoluiu do RHDV1, havendo outros que acreditam que em causa estão dois vírus de origem independente.
O vírus não é perigoso para o Homem nem para outros animais, exceto os coelhos e os seus “familiares” mais próximos, como é o caso das lebres.
Existem duas vacinas contra o RHDV2, uma de origem espanhola e a outra francesa, mas como a infeção é classificada como uma “doença estrangeira” nos Estados Unidos, a aquisição destes medicamentos é dificultada por causa dos procedimentos burocráticos.
Espera-se que uma vacina americana esteja pronta até o final de 2020.