Governo “favorece grandes empresas” e deixa “de lado” trabalhadores, acusa PCP

José Sena Goulão / Lusa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

O líder do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, acusou no domingo o Governo de “favorecer as grandes empresas” e deixar “de lado” os trabalhadores e pequenos empresários, lamentando que as medidas dos comunistas tenham ficado de fora do orçamento suplementar.

As medidas do PCP “tinham e têm pés para andar, tendo em conta a disponibilidade do Governo para as considerar. Só que, olhando para o orçamento suplementar, afinal não estão lá”, afirmou o secretário-geral comunista, citado pela agência Lusa.

Para o líder do PCP, o orçamento suplementar, apresentado pelo Governo do PS, centra-se “em medidas que só vão favorecer as grandes empresas, deixando de lado os trabalhadores, os micro, pequenos e médios empresários, que vivem à beira da falência”.

“Dizem-nos assim: ‘não há dinheiro que sobre para isso tudo’. Não? Então para o Novo Banco e então os milhares de milhões de euros, alguns anunciados como a fundo perdido, vindos da União Europeia’ A virem, vão para onde? E vão para quem?”, questionou.

Jerónimo de Sousa discursava num comício em Portel, no distrito de Évora, no Parque da Matriz, um espaço ao ar livre no centro da vila, com a presença de dezenas de pessoas, todas com máscaras e em lugares marcados, cumprindo um metro e meio de distância.

Num discurso de cerca de 10 minutos, o secretário-geral do PCP lembrou que os comunistas defendem a “proibição do despedimento” em tempos de pandemia da covid-19 e a “reposição do salário a 100% a todos os trabalhadores que estando em regime de lay-off estejam disponíveis para trabalhar”.

O PCP, disse, também quer a atribuição de “um apoio de 438 euros para quem ficou sem nada” e medidas para “os trabalhadores independentes que perderam os seus rendimentos” e “de valorização do abono de família e apoio efetivo aos micro e pequenas e médios empresários e pequenos produtores”.

Jerónimo de Sousa propôs também “o aumento da produção nacional e regional tendo como alavanca” esta albufeira. “O Alqueva não é necessariamente só uma barragem, é uma reserva estratégica de água, que potencia as mais-valias do regadio, do turismo e da produção de energia elétrica”, vincou, alertando que a “ausência de um projeto e de rumo para o Alqueva tem naturalmente consequências”.

De entre as propostas dos comunistas, destacou “a criação de um banco de terras para os trabalhadores e agricultores com explorações de pequena dimensão e difícil viabilidade”.

A disponibilização de água do Alqueva para as barragem do Monte da Rocha (Ourique) e da Lucifecit (Alandroal) para “reforço dos perímetros de rega ou pelo menos no caso da primeira para o reforço da capacidade de abastecimento humano”, é outras das propostas.

A proposta do Governo de Orçamento Suplementar para 2020 foi aprovada, na quarta-feira, na generalidade apenas com os votos contra de CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal, que representam sete dos 230 deputados.

Só a bancada do PS votou a favor, mas PSD, BE, PCP, PAN, PEV e a deputada não inscrita, Joacine Katar Moreira, abstiveram-se na votação do documento, que se destina a responder às consequências económicas e sociais provocadas pela pandemia de covid-19.

A fase de especialidade arrancou na passada quinta-feira, estendendo-se até à próxima semana. Para dia 30 de junho, está marcada a votação na especialidade, cuja eventual continuação está prevista para o dia seguinte, 1 de julho. O processo deve encerrar-se com a votação final global do documento apresentado pelo Governo, às 10:00 do dia 3 de julho.

A proposta de Orçamento Suplementar para este ano prevê um défice de 6,3% e um rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB) de 134,4%.

// Lusa

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