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Na despedida, Centeno anuncia que não se vai candidatar ao Eurogrupo (e João Leão mantém lema das contas certas)

José Sena Goulão / Lusa

Depois de anunciada a saída de Mário Centeno da pasta das Finanças, António Costa quis “agradecer profundamente” ao ministro pela sua dedicação durante o briefing após o Conselho de Ministros.

De acordo com o Observador, o primeiro-ministro António Costa começou por dizer que a exoneração de Mário Centeno e nomeação de João Leão como ministro das Finanças está marcada para a próxima segunda-feira.

“A vida é feita de ciclos e quero aqui expressar publicamente que compreendo e respeito que o doutor Mário Centeno queira abrir um novo ciclo na sua vida. Este foi um longo ciclo. Pela segunda vez em 46 anos da nossa democracia, um ministro das finanças cumpriu intergralmente uma legislatura de 4 anos e pela primeira vez na democracia ainda preparou o início da outra legislatura e assegurou a aprovação do primeiro orçamento dessa legislatura, e a preparação do primeiro e único orçamento suplementar do conjunto destes anos”, disse António Costa, em declarações aos jornalistas.

Costa disse ainda querer “agradecer profundamente a dedicação que ao longo destes quase 6 anos de trabalho em conjunto que se iniciou com a elaboração do cenário macroeconómico ainda na oposição, e que se encerra hoje com a aprovação no Conselho de ministros deste orçamento suplementar”.

O primeiro-ministro mencionou a “extraordinária capacidade de trabalho”, “excelente espírito de equipa” e “constante preocupação de assegurar equidade nas decisões e o princípio humanista”.

“Infelizmento, o covid não permite dar o abraço que me apetecia dar a Mário Centeno”, afirmou ainda António Costa.

“É o fim de um ciclo longo com 1.664 dias como ministro”, dos quais de mais 900 dias que acumulou com a presidência do Eurogrupo. “Os números fizeram parte do trajeto, sempre estiveram certos e quero deixar um testemunho da certeza de que vão continuar a estar certos”, com João Leão que é um um factor de continuidade, disse Mário Centeno, na despedida.

Centeno destacou “enorme honra que foi responder a todos os desafios que trilhamos em conjunto desde o cenário económico que foi a base do programa do anterior Governo até toda a trajetória de recuperação da credibilidade da economia portuguesa, marcada pela liderança do Eurogrupo”.

Em resposta a António Costa, Centeno disse ainda que “o abraço fica para uma altura mais sanitariamente mais conveniente. O Governo tem uma liderança e coesão que se reflete nos resultados”.

Depois da conferência, através do Twitter, Centeno anunciou que não será candidato a um segundo mandato no Eurogrupo.

“João Leão é um conhecedor da economia portuguesa”

Virando-se para João Leão, António Costa agradeceu o facto de ter aceite o convite para substituir o ministro de Estado e das Finanças. “Para dar continuidade ao trabalho que também iniciamos aquando da constituição do grupo que iniciou o cenário macroeconómico ainda no tempo da oposição, e que prosseguimos durante estes cinco anos em que tem sido responsável pela política orçamental dos dois governos”, explica Costa.

“É com muito gosto que agora iremos prosseguir de uma forma com maior proximidade, mais direta, sem a intermediação do Mário Centeno”, disse o primeiro-ministro. “É muito importante podermos contar com uma das pessoas que maiores garantias de continuidade da nossa política orçamental”.

Tiago Petinga / Lusa

João Leão, secretário de Estado do Orçamento

João Leão é “um profundo conhecedor da economia portuguesa e o primeiro ministro garante uma “tranquila passagem de testemunho a continuidade da nossa política”.

Costa disse ainda que “o Ministério das Finanças continua em boas mãos”.

Em declarações aos jornalistas, João Leão agradeceu o o convite “para exercer as novas funções”. “É uma honra servir o meu país, especialmente uma fase tão exigente”.

“Ao longo dos últimos cinco anos trabalhei ao lado de Mário Centeno, como o seu secretário de Estado do Orçamento”, recordou. “Juntos preparámos e executámos cinco Orçamentos de Estado, um trabalho muito intenso para atingir o primeiro excedente orçamental em democracia, num contexto de convergência com a União Europeia”, salienta.

Para João Leão, estes orçamentos serviram para construir “bases financeiras sólidas, para que o país possa enfrentar nas melhores condições em crise criada pela pandemia”.

“Trata-se de uma crise profunda e súbita e temos de responder com políticas capazes de enfrentar o desafio. Importa concentrar os esforços em políticas de estabilização e apoio ao emprego, às empresas e às famílias, para que possam manter os seus rendimentos”, sublinha.

“É preciso conseguir o equilíbrio entre o crescimento da economia e do emprego e das contas certas, pelo outro lado”, rematou.

“Excelente escolha”, diz antigo ministro

As reações à escolha de João Leão para ministro das Finanças, sucedendo a Mário Centeno não tardaram a chegar.

O antigo ministro da Economia e do Emprego Álvaro Santos Pereira, atual economista da OCDE, considerou João Leão uma “excelente escolha”, também por ter sido “o grande executor da política de consolidação orçamental dos últimos anos”. “A sua escolha dá as garantias necessárias que a prudência orçamental vai continuar”, escreveu Álvaro Santos Pereira.

Em declarações ao Observador, Fernando Medina elogiou a escolha de João Leão e classificou-o como “um jogador de equipa”. “Conheço-o bem e só o posso elogiar. É pessoa de grande qualidade humana, seríssimo, leal e jogador de equipa”, disse.

Duarte Marques, do PSD, não comentou a entrada de João Leão, mas sim a saída de Centeno, e Considerou que Centeno “se pôs ao fresco” assim que chegou a crise e depois de ter herdado “um país em crescimento e recuperação”.

O novo ministro toma posse na próxima segunda-feira de manhã. A substituição aconteceu mal o Conselho de Ministros aprovou o Orçamento Suplementar e ainda antes de terminar o prazo (11 de junho) para serem apresentadas as candidatura à presidência do Eurogrupo.

ZAP //

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