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“Gabinete do ódio”. Aliados de Bolsonaro alvo de buscas em caso de notícias falsas

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Agência Brasil / Wikimedia

Roberto Jefferson, presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)

Esta quarta-feira, a Polícia Federal brasileira cumpriu 29 mandados de busca e apreensão no âmbito deste processo, nos estados do Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.

Este inquérito, que corre em sigilo, apura a alegada disseminação em massa de notícias falsas, inicialmente contra membros do STF, e foi aberto no ano passado após juízes se terem tornado alvo recorrente de ameaças e ataques.

Entre os alvos da operação está o presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, que, nos últimos meses, se tornou um fiel aliado do Presidente do Brasil.

Outros aliados de Bolsonaro envolvidos nesta operação são o empresário Luciano Hang, o deputado estadual de São Paulo Douglas Garcia, o blogger Allan dos Santos e a ativista Sara Winter.

Os empresários são suspeitos de financiar a divulgação de conteúdos falsos e viram o sigilo fiscal e bancário levantado. Os restantes citados nos mandados judiciais estão a ser investigados por fazerem de forma constante publicações suspeitas em redes sociais de mensagens contendo graves ofensas e conteúdo de ódio.

Na decisão que autorizou as buscas contra apoiantes do Presidente, o juiz Alexandre de Moraes invocou a existência de um “gabinete do ódio”.

“As provas colhidas e os laudos periciais apresentados nestes autos apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares [na comissão parlamentar das fake news, em curso no Congresso brasileiro] como ‘gabinete do ódio’, dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições”, afirmou o juiz.

“Todos esses investigados teriam ligação direta ou indiretamente com o aludido ‘gabinete do ódio'”, acrescentou o juiz, que pediu o bloqueio das contas nas redes sociais de todos os investigados, como Facebook, Twitter e Instagram, justificando a decisão como necessária “para a interrupção dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.

Por fim, o juiz determinou que os deputados federais (membros da câmara baixa do Congresso) Bia Kicis, Carla Zambelli, Daniel Lúcio, Filipe Barros e Luiz Phillipe de Orleans e Bragança prestem depoimento. Estes deputados, que apoiam Bolsonaro, não foram alvo de mandados de busca.

Bolsonaro não aceita violações à liberdade de expressão

“Ver cidadãos de bem terem os seus lares invadidos, por exercerem o seu direito à liberdade de expressão, é um sinal de que algo de muito grave está a acontecer com a nossa democracia. Estamos a trabalhar para que se faça valer o direito à livre expressão no nosso país. Nenhuma violação desse princípio deve ser aceite passivamente”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais.

De acordo com o Diário de Notícias, Roberto Jefferson também reagiu com bastante indignação à operação policial. “Tribunal do Reich. Instituído por Hitler, após o incêndio do Parlamento, aquele tribunal escreveu as páginas mais negras da justiça alemã, perseguindo os adversários do nazismo. Hoje, o STF repete a horripilante história. Acordei às seis horas com a polícia no meu lar”.

Moraes, seu covarde, você não me vai calar. Comprovou que está ao serviço de uma ditadura do poder judicial”, escreveu, por sua vez, Sara Winter, também citada pelo DN.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. É sempre a mesma coisa, extremistas populistas, quando alguém lhes aponta o dedo citam ditadores, chamam nomes de ditadores aos outros, quando está tudo bem dizem que é preciso mão dura e regras apertadas, maior controlo, se formos a ver o que têm no seu subconsciente é a questão do nazismo.. por um lado ou por o outro é isso que manifestam. Por isso é preciso perceber bem a quem damos o nosso voto. Cá em Portugal temos os viscondes da Chega, aquilo está bem infestadinho deles. Zero soluções para os problemas, só querem manifestar as suas inquietações com algum tipo de luta, arranjando algum inimigo comum. Se fossem uma claque de futebol, ninguém lhes dava muita importância, agora estando na vida política convém perceber quais são as suas reais intenções.. não comam gelados com a testa, a única coisa que sai dali é injustiça e subjugação de direitos fundamentais, é só darem corda suficiente. Espero que os(as) portugueses(as) vejam a verdadeira natureza destes partidos e dos seus líderes e percebam o que pode sair dali para um país de bem, que deseja crescer em termos económicos, sociais, humanos.

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