A redução da taxa de suicídio no Japão, durante o mês de abril, surpreendeu tudo e todos, numa altura em que se pensava que as medidas de confinamento iam trazer ainda mais stress ao povo nipónico.
A taxa de suicídio no Japão caiu cerca de 20% no mês de abril, em comparação com o período homólogo do ano passado, sendo a maior queda em cinco anos, avança o jornal The Guardian.
Apesar dos receios de que as medidas de confinamento para combater a pandemia de covid-19 fossem provocar ainda mais stress nos japoneses, a verdade é que se verificou exatamente o oposto.
De acordo com o jornal britânico, passar mais tempo em casa com a família, desperdiçar menos tempo nos transportes a caminho do emprego e os atrasos no arranque do ano letivo são apontados como fatores que explicam esta situação.
As mortes por excesso de trabalho são uma realidade bem conhecida neste país asiático, havendo até um termo específico para as definir (karoshi). Felizmente, a taxa de suicídio está em queda desde há alguns anos. Em 2003, o Japão registou mais de 34 mil casos, enquanto que no ano passado registou pouco mais de 20 mil.
Decretadas as medidas de confinamento, em meados de abril, as organizações de prevenção do suicídio foram muito afetadas, com cerca de 40% a fecharem portas ou a trabalharem num horário reduzido, o que gerou preocupação sobre as pessoas mais vulneráveis.
Yukio Saito, ex-presidente do serviço de aconselhamento telefónico da Federação Japonesa de Inochi-no-Denwa, afirma que, tal como em épocas de crises nacionais ou desastres, “tradicionalmente, as pessoas não pensam em suicídio”, dando como exemplo a descida de casos em 2011, ano em que houve o desastre de Fukushima.
Porém, Saito, que também já foi presidente da Associação Japonesa de Prevenção ao Suicídio, alerta que isso pode mudar com os impactos da covid-19 na economia japonesa. Em 1997, depois da crise financeira, recorda, os suicídios aumentaram cerca de 35%.
Coronavírus / Covid-19
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