Os cientistas debatem há muito tempo a capacidade de diferenciar um dinossauro macho de uma fêmea. Agora, um novo estudo revela que, apesar das alegações anteriores, é muito difícil detetar diferenças entre os dois sexos.
Uma recente investigação, levada a cabo por investigadores da Universidade Queen Mary, em Londres, analisou os crânios de crocodilos gaviais, uma espécie ameaçada, para decifrar o quão difícil é distinguir entre machos e fêmeas através de registos fósseis.
Os crocodilos macho são maiores do que as fêmeas e têm um crescimento carnoso no focinho, conhecido como ghara. Apesar da ghara ser composta por tecido mole, é sustentada por um buraco ósseo próximo às narinas (fossa narial), que pode ser identificado nos crânios dos animais.
A equipa analisou 106 espécimes, presentes em museus de todo o mundo, e descobriu que, além da presença da fossa narial, era muito difícil distinguir os sexos através de registos fósseis. O artigo científico com os resultados foi publicado no dia 12 de maio na Peer J.
David Hone, professor de Zoologia, explicou que, “tal como os dinossauros, os crocodilos gaviais são répteis muito grandes e de crescimento lento que depositam ovos, o que os torna um bom modelo para estudar espécies extintas de dinossauros”.
Esta investigação mostra que, mesmo com conhecimento prévio do sexo da amostra, pode ser muito difícil distinguir o sexo destes crocodilos.
Em várias espécies, os machos diferenciam-se das fêmeas: em termos de coloração, por exemplo, os machos costumam ser muito mais coloridos. Este fenómeno, conhecido como dimorfismo sexual, é muito comum no reino animal.
Apesar de ser esperado que os dinossauros também apresentem diferenças, a verdade é que, segundo este estudo, é muito difícil distinguir machos e fêmeas através da análise do esqueleto.
“O nosso estudo sugere que, a menos que as diferenças entre os dinossauros sejam realmente impressionantes, ou haja uma característica clara, temos de nos esforçar muito para distinguir um dinossauro macho de uma fêmea”, conclui Hone, citado pelo EuropaPress.
Esta investigação também desafia estudos anteriores, nomeadamente um que sugeria diferenças de género em espécies populares de dinossauros, como o Tyrannosaurus rex.
“Há muitos anos, um artigo científico sugeriu que T. rex fêmea é maior do que os machos. No entanto, essa conclusão baseou-se em registos fósseis danificados de 25 espécimes e os nossos resultados mostram que, a esse nível, os dados não são suficientemente fidedignos para se chegar a essa conclusão.”