Ronaldinho paga fiança de 1,5 milhões de euros e passa a prisão domiciliária

A justiça do Paraguai concedeu hoje prisão domiciliária ao ex-futebolista brasileiro Ronaldinho Gaúcho e ao seu irmão Assis, acusados de uso de passaporte falso, depois pagarem uma fiança de 1,6 milhões de dólares (1,47 milhões de euros).

A decisão de mudar o regime de reclusão de Ronaldinho e do ex-jogador do Sporting não era esperada até, pelo menos, dia 13 de abril, devido à paralisação do sistema judiciário paraguaio, como medida para conter a pandemia da Covid-19.

Mesmo assim, o juiz penal Gustavo Amarilla aceitou tratar da quarta tentativa da defesa em obter a prisão domiciliária para Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão e representante, acusados de uso de passaportes e identidades falsas, além de integrarem uma rede criminosa de falsificação de documentos e de lavagem de dinheiro.

Na audiência, na qual os procuradores usavam máscaras, o tribunal foi favorável à defesa do jogador.

Os irmãos vão continuar com a prisão preventiva num hotel da cidade que os advogados Sérgio Queiróz e Adolfo Marin revelaram ser o hotel Palmaroga. Cada um ficará num quarto diferente, nos números 104 e 105.

A dupla brasileira terá vigilância policial permanente para evitar que possam deixar ilegalmente o país. Uma empresa paraguaia assinou o termo de garantia como responsável de eventuais riscos. No hotel, os irmãos vão aguardar o curso das investigações e o julgamento.

Pelas leis paraguaias, a prisão preventiva pode durar ainda cinco meses e, se forem condenados, o ex-jogador de FC Barcelona e AC Milan e o ex-futebolista do Sporting e do Estrela da Amadora, nos anos 90 do século XX, podem levar até cinco anos de prisão.

A perícia nos telemóveis dos presos, em 06 de março, já foi concluída, mas não divulgada.

O novo regime para prisão preventiva chega depois de um mês de prisão num quartel policial de 14 hectares, o Agrupamento Especializado, condicionado como prisão de máxima segurança para receber presos especiais, acusados de corrupção, tráfico de drogas e assassínios.

Durante o primeiro mês de prisão, o ex-jogador foi o centro das atenções no quartel. Participou de torneios de futebol e pôde usar telemóvel próprio livremente para conversar com amigos e parentes.

No dia 21 de março, quando completou 40 anos, recebeu um churrasco feito pelos demais 30 presos como presente de aniversário. Ronaldinho também recebeu a visita de ex-jogadores famosos do Paraguai, até às mesmas serem proibidas, devido à pandemia do novo coronavírus.

A investigação já envolve 16 indiciados e a Procuradoria ampliou a causa, em 8 de março, a uma possível ligação com uma organização criminosa, acusada de lavar 400 milhões de dólares. Além de Ronaldinho, empresários e funcionários públicos paraguaios são investigados.

A empresária paraguaia Dalia López, considerada a chefe da suposta quadrilha, foi quem convidou e financiou a viagem de Ronaldinho ao Paraguai. López está fugitiva e tem ordem de captura internacional pela Interpol desde o dia 18 de março.

Ronaldinho e o seu irmão Roberto Assis são acusados de entrarem no Paraguai no dia 4 de março com um passaporte falso. Viajaram ao país para participarem num programa de assistência social infantil, organizado pela Fundação Fraternidade Angelical, pertencente à empresária foragida.

Ronaldinho também pretendia lançar no mercado paraguaio o seu livro ‘Génio na vida’, que conta a sua história.

Quando entraram no Paraguai, não apresentaram o passaporte brasileiro, nem o documento de identidade brasileiro, documentos aceites em toda a América do Sul. Apresentaram passaportes paraguaios adulterados, que, depois, alegaram na justiça, nunca terem solicitado.

Ronaldinho não cometeu delito, porque ele não sabia que o passaporte que lhe entregaram era adulterado”, garante o advogado Sérgio Queiroz.

O procurador Federico Delfino revelou que havia um pedido de naturalização dos irmãos no Departamento de Migração. Os acusados disseram nunca terem solicitado tal procedimento.

No Brasil, o ex-jogador estrela é Embaixador do Turismo do governo de Jair Bolsonaro, cargo que mantém apesar da acusação no Paraguai.

// Lusa

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