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Pandemia alastra de forma “mais rápida” em Espanha. Exército encontrou cadáveres de idosos abandonados em lares

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A pandemia de Covid-19 está a alastrar de forma “mais rápida e mais ampla” em Espanha do que em Itália. A situação está muito complicada no país vizinho que ainda não chegou ao “pico da epidemia”. Casos especialmente trágicos vivem-se nos lares de idosos, onde alguns utentes estão a ser deixados ao abandono.

A ministra da Defesa de Espanha, Margarita Robles, anunciou que a Unidade Militar de Emergências (UME) do Exército encontrou vários idosos, alguns simplesmente abandonados e sem cuidados e outros mortos, quando se deslocou a lares de Terceira Idade para fazer desinfecção a esses locais.

“O Exército, em algumas visitas, viu idosos absolutamente abandonados, quando não mortos, nas suas camas”, referiu a ministra durante um programa da Telecinco, conforme cita o El País.

O jornal refere que o caso já está a ser investigado pela justiça espanhola num inquérito para apurar a alegada presença “de pessoas idosas, algumas delas doentes, residindo em situações extremas e más condições de salubridade, assim como residentes falecidos” em centros da Terceira Idade.

“Vamos ser absolutamente implacáveis e contundentes quanto ao trato que se dê aos maiores nessas residências”, garantiu a ministra, prometendo que “todo o peso da lei cairá sobre quem não cumpra as suas obrigações”.

Os lares de idosos reflectem a difícil situação que Espanha atravessa nesta altura, com muitos dos seus funcionários de baixa depois de terem sido infectados pelo coronavírus. Além da falta de pessoal, debatem-se também com a falta de equipamentos individuais de protecção.

Entretanto, com os serviços funerários de Madrid à beira do colapso, alguns idosos mortos acabam por ficar abandonados nos lares, nas suas camas, à espera que os elementos da funerária os vão buscar. O protocolo determina que, quando se suspeita de mortes por Covid-19, os cadáveres não sejam movidos enquanto não chegarem os elementos da funerária, devidamente protegidos. Desta forma, há idosos que têm, por vezes, que partilhar quartos com pessoas falecidas durante algumas horas.

O número de mortes por Covid-19 em Espanha já ultrapassa os 2 mil, havendo mais de 33 mil infectados, com 2355 pessoas nos Cuidados Intensivos.

Face ao grande número de fatalidades, foi já instalada uma morgue no Palácio do Gelo em Madrid, enquanto a pandemia continua a alastrar por Espanha “de forma mais rápida e ampla do que em Itália”, conforme a análise do El País.

Em Itália, 80% das cerca de 6 mil mortes ocorrem em três regiões, enquanto em Espanha se verificou um “aumento acelerado de casos” em zonas que não estavam afectadas, refere o jornal que fala de “uma expansão territorial da epidemia muito mais acentuada do que em Itália”.

Há “um grupo de comunidades que, sem chegar às taxas mais quentes, registaram um notável incremento de falecimentos na última semana”, nota ao El País o professor Daniel López Acuña, da Escola Andaluza de Saúde Pública e ex-director da Acção Sanitária em Crise da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Um fenómeno que não ocorreu em Itália”, constata, avançando que isso se pode dever ao facto de o governo italiano ter “reduzido mais a mobilidade em torno dos primeiros focos detectados, enquanto em Espanha esta manteve-se muito elevada, inclusive nos dias anteriores à declaração do estado de emergência”.

O presidente da Sociedade Espanhola de Epidemiologia (SEE), Pere Godoy, também considera no El País que “foi um erro permitir a grande dispersão geográfica de pessoas que se produziu nos dias anteriores à entrada em vigor do isolamento, o que pode facilitar a dispersão do vírus”.

Pere Godoy constata que Espanha está, nesta altura, numa “fase de crescimento do impacto do vírus” que “vai durar algum tempo”. E o Coordenador de Emergências do Ministério da Saúde, Fernando Simón, alerta que o país ainda não chegou “ao pico da epidemia”, conforme declarações divulgadas pelo El País.

SV, ZAP //

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4 Comments

  1. Por cá também sinto que não existe uma política rigorosa relativamente aos lares. E aqui concentra-se o principal grupo de risco.
    A maioria dos lares tem apoio domiciliário. Seria bom nesta fase que não fossem as mesmas pessoas a prestar este serviço de modo a não importar potenciais contágios para os lares. No caso da alimentação, até poderia ser feita no lar mas deveria ser distribuída pela proteção civil ou forças policiais / militares e preferencialmente deveriam recolhê-la não no lar mas num outro qualquer espaço onde o lar fosse deixar a comida.
    Nenhum funcionário deveria poder entrar no lar sem primeiro medir a temperatura, proceder a uma limpeza cuidada das mãos, deveriam usar sempre máscara, luvas e reduzir ao mínimo do indispensável o contacto com os idosos. Deveriam mudar de calçado e vestuário logo à entrada do lar.
    Em caso de suspeita mínima relativamente a um funcionário deveria ficar imediatamente impedido de entrar nas instalações.
    Os fornecedores dos lares não deveriam passar da porta principal.
    Muitas outras medidas deveriam ser tomadas. Caso contrário teremos já num futuro próximo uma taxa de mortalidade a disparar. Nos últimos dois dias contei mais de 10 casos em lares um pouco por todo o país.

  2. O melhor, entre as decisões tomadas, talvez seja um horário para aqueles que têm mais de 65 anos fazerem as compras ao início da manhã, e ao fim da tarde, em algumas cadeias de supermercados. Porque optaram por juntá-los com os que desempenham funções de segurança ou têm actividades profissionais relacionados com a saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares…?). Assim, colocam uma parte da população mais fragilizada juntamente com aqueles que desempenham as profissões mais perigosas porque estão na linha da frente do combate ao vírus…
    Pergunto-me a mim próprio: quem será o génio que decidiu tamanha asneira, ou tamanha aberração na estratégia de combate ao vírus?!

  3. é de lamentar que num momento de crise, colocaram os interesses monetários acima da vida humana.
    enquanto lucaram estava tudo bem, mas quando era preciso alertar as entidades pelas situaçoes em que estavam os idosos, os donos dos lares fugiram deixando as pessoas para morrerem
    é de esperar que as entidades investiguem e que os punam severamente. cadeia com eles e proibi-los de abrirem mais lares

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