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Pela primeira vez, astrónomos descobriram uma estrela que pulsa apenas de um lado

Pela primeira vez, os astrónomos descobriram uma estrela que pulsa apenas de um lado. Conhecida como HD74423, a estrela tem aproximadamente 1,7 vezes a massa do Sol e localiza-se a 1.500 anos-luz da Terra.

As estrelas pulsantes já são conhecidas pela Astronomia há muito tempo. Aliás, o nosso Sol baila no seu próprio ritmo. Essas pulsações rítmicas da superfície estelar acontecem em estrelas jovens e velhas e podem ter períodos longos ou curtos, uma ampla gama de forças e diferentes causas.

Todas estas estrelas têm uma coisa em comum: as suas oscilações são visíveis em todos os lados da estrela. Porém, agora, uma equipa internacional descobriu uma estrela que oscila em grande medida apenas num hemisfério.

“A primeira coisa que me chamou a atenção foi o facto de ser uma estrela quimicamente peculiar”, disse Simon Murphy, do Instituto de Astronomia da Universidade de Sydney, em comunicado. “As estrelas como esta costumam ser ricas em metais, mas esta é pobre, por isso é um tipo raro de estrela quente”.

De acordo com o estudo publicado este mês na revista científica Nature Astronomy, a estrela oscila apenas de um lado porque se encontra num sistema estelar binário com uma anã vermelha. Esta sua companheira distorce as oscilações com a sua atração gravitacional.

O período orbital do sistema binário, com menos de dois dias, é tão curto que a estrela maior se distorce em forma de lágrima por causa da atração gravitacional da anã vermelha.

“Teoricamente, sabíamos que estrelas como esta deveriam existir desde a década de 1980”, disse Don Kurtz, da Universidade de Central Lancashire. “Tenho procurado uma estrela como esta há quase 40 anos e, agora, finalmente encontrámos uma”.

Para chegar a esta descoberta, os investigadores estudaram dados do satélite TESS da NASA. “Os dados fizeram com que pudéssemos observar variações no brilho devido à distorção gravitacional da estrela, bem como às pulsações”, disse Gerald Handler, do Centro Astronómico Nicolaus Copernicus e principal autor do estudo.

A equipa observou ainda que a força das pulsações dependia do ângulo de aspeto baixo sob o qual a estrela foi observada da orientação correspondente da estrela dentro do sistema. Isto significa que a força de pulsação varia com o mesmo período que o do binário.

“À medida que as estrelas binárias orbitam entre si, vemos diferentes partes da estrela pulsante. Às vezes, vemos o lado que aponta para a estrela companheira e outras vemos a face exterior”, explicou David Jones, do Instituto de Astrofísica das Canárias.

É assim que os astrónomos se dizem seguros de que as pulsações apenas acontecem de um lado da estrela, uma vez que as pequenas flutuações do brilho apareciam sempre nas suas observações quando o mesmo hemisfério da estrela apontava para o telescópio.

Embora esta seja a primeira estrela deste tipo a ser encontrada, os autores acreditam que deverá haver muito mais estrelas destas no Universo.

ZAP //

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