O Irão decidiu libertar temporariamente mais de 54 mil reclusos para prevenir o surto de coronavírus nas suas prisões sobrelotadas. Aqueles cujas análises deram negativas podem sair em liberdade, mediante o pagamento de fiança.
Segundo noticiou a TSF, citando a BBC, o porta-voz das autoridades judiciárias iranianas, Gholamhossein Esmaili, indicou aos jornalistas que esta opção não está disponível para os detidos de “alta segurança”, condenados a mais de cinco anos.
O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, já anunciou ter ordenado às forças armadas que ajudem o Ministério da Saúde a combater a propagação. Nas últimas duas semanas, o Irão já registou 77 mortes e mais de dois mil casos de infeção, estendendo esta aos membros do Governo, com 23 casos confirmados entre os deputados do parlamento.
O membro de mais alta patente no regime iraniano Mohammad Mirmohammadi, de 71 anos, morreu alegadamente vítima do Covid-19, assim como Hadi Khosroshahi, ex-embaixador do Irão no Vaticano. Infetados foram igualmente a vice-Presidente Masoumeh Ebtekar e o vice-ministro da Saúde, Iraj Harirtchi.
Como recordou um artigo do New Yorker, publicado a 28 de fevereiro, Iraj Harirchi estava pálido e suava durante uma conferência de imprensa, a 24 de fevereiro, na qual afirmava que a República Islâmica tinha “quase estabilizado” o surto de coronavírus no país.
Rejeitando inicialmente a alegação de que cinquenta pessoas já haviam morrido do COVID-19, afirmou mesmo que renunciaria se os números chegassem a metade ou a um quarto disso do apontado, acrescentando que o Irão tinha apenas sessenta e um casos confirmados, com doze mortes.
O país opunha-se às quarentenas, continuava o vice-ministro da Saúde, afirmando que essa medida pertencia a uma era anterior à Primeira Guerra Mundial. No dia seguinte a essas declarações, Harirchi confirmou, através de um vídeo – visto que já se encontrava d quarentena -, que havia contraído o coronavírus.
O Irão, que tem atualmente 83 milhões de pessoas, tornou-se num dos epicentros globais do coronavírus, com a maior taxa de mortalidade do mundo. Com base em números oficiais, a taxa de mortalidade flutua diariamente entre 8% e 18%, em comparação com três por cento na China.
É também, como já foi referido, o único país com casos confirmados entre altos funcionários do governo. Além dos casos apontados acima, dois membros do parlamento – incluindo o presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa -, foram infetados, assim como o prefeito de um distrito em Teerão.
Numa análise divulgada a 25 de fevereiro, seis epidemiologistas canadianos calcularam que o Irão deve ter mais de 18 mil casos de coronavírus. O cálculo foi feito através de um modelo matemático baseado no número oficial de mortos, nas taxas de infeção, na mortalidade da doença em todo o mundo e dados relativos a voos.
“Dado o baixo volume de viagens aéreas para países com casos identificados de COVID-19 com origem no Irão (como o Canadá), é provável que o Irão esteja a passar por uma epidemia de COVID-19 de tamanho significativo”, concluíram, indicando que o número de infetados deve estar nos 18.300 mil, com uma margem de erro de apenas 5%.
Kamiar Alaei, um especialista em política de saúde iraniano, enfatizou a evolução do contágio. “A taxa de mortalidade noutros lugares é de 1% a 2%, e de 3% na China. O Irão anunciou 34 mortes, embora alguns relatórios não oficiais afirmem que são pelo menos 134 e até mesmo 200. Portanto, se a taxa de mortalidade for de apenas 1%, o número total de casos seria entre 340 e dez mil ou 20 mil”, referiu.
O surto no Irão parece ter começado em Qom, a cerca de duas horas de Teerão. A primeira menção da doença pelo governo foi o relato de duas mortes, que ocorreram naquela cidade a 19 de fevereiro. Os relatórios iniciais indicam que o portador do vírus era um comerciante que viajou entre Qom e Wuhan, na China.
Oito dias depois da primeira morte relatada, o COVID-19 havia se espalhado para 24 das 31 províncias do país, com o número de casos a dobrar diariamente. Ao invés de fechar locais públicos – uma medida que os especialistas em saúde pública adotaram noutros países -, o chefe do santuário em Qom pediu aos peregrinos que continuassem as visitas.
“Consideramos este santuário sagrado um lugar de cura. Isso significa que as pessoas deveriam vir aqui para curar doenças físicas e espirituais”, disse na altura Mohammad Saeedi, que também é o representante do Líder Supremo do Irão em Qom. Casos que terão começado no Irão foram relatados no Azerbaijão, Afeganistão, Bahrein, Canadá, Geórgia, Iraque, Kuwait, Líbano, Omã, Paquistão e Emirados Árabes Unidos. Muitos foram relacionados especificamente a visitas a Qom.
De acordo com Alaei, o surto coincidiu com dois grandes marcos: o aniversário da revolução do Irão, a 11 de fevereiro, e as eleições parlamentares, a 21 de fevereiro. “O governo não queria reconhecer que houve um surto de coronavírus porque temia que isso impactasse a participação nesses dois eventos”, disse.
“Foi a decisão política que levou a esse surto no Irão”, continuou o especialista. “É lamentável, pois o Irão tem uma infra-estrutura muito bem estabelecida para o sistema de saúde e médicos instruídos”. Alaei foi preso em 2008 por “comunicar com o inimigo” e tentar “lançar uma revolução” contra o governo em Teerão. Passou 30 meses preso, mudando-se para os Estados Unidos (EUA) após a sua libertação.
O coronavírus também está a tornar-se um novo ponto de conflito entre o Irão e os EUA. Após a eleição, Ali Khamenei acusou os inimigos do Irão de exagerar a ameaça do coronavírus para afugentar os eleitores das pesquisas. “Essa propaganda negativa sobre o vírus começou há alguns meses e cresceu antes das eleições”, disse. No seguimento destas declarações, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, indicou que o Irão estava a mentir sobre “detalhes vitais” da propagação do vírus.
De acordo com o New Yorker, o momento do surto é particularmente terrível para a economia do Irão, que contraiu mais de 9% em 2019. Desde o início do surto, 11 países – incluindo grandes parceiros comerciais como Afeganistão, Iraque e Turquia -, fecharam as fronteiras com a República Islâmica, informou Adnan Mazarei, economista do Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington.
“Toda a região do Médio Oriente poderá em breve ser afetada pelo papel do Irão como epicentro desse contágio. A região do Médio Oriente certamente será atingida por uma nova ronda de pressão nos preços do petróleo, devido ao declínio na demanda da China e de outros lugares”, escreveu.
Nas últimas semanas, o Irão acabou por ir tomando medidas para controlar a propagação do contágio. No metro de Teerão, as carruagens foram desinfetadas e as alguns espaços comerciais fechados. Em mais de 12 províncias, essa medida estendeu-se aos campus universitários, às escolas e aos centros culturais. Eventos que atraem multidões, como jogos de futebol, foram adiados.
Foram também canceladas as orações de sexta-feira nas 24 províncias onde o vírus foi registado, com o Ministério da Saúde a pedir às pessoas que não apertem as mãos e evitem lugares lotados.
O regime tem lutado contra a imagem de uma nação afetada por uma epidemia. “Nas escolas, escolas secundárias, universidades e locais de trabalho, todos devem prestar atenção às recomendações de saúde. Mas devemos continuar o nosso trabalho e atividades, porque é um dos planos dos inimigos espalhar o medo e fechar o nosso país”, afirmou o Presidente do Irão, Hassan Rohani.
Coronavírus / Covid-19
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Os 3% de mortalidade na China são muito duvidosos, assim como a quebra anunciada na contaminação. Ainda vai haver muito que escrever e dizer sobre este assunto.
Curioso o facto do Irao assim como a China, Estarem no epicentro do virus cod 19, estas mesmas visadas e retaliadas pelo lider trampa dos EUA. Ou será mais uma vez uma conspiracao ou Nova Ordem Mundial. ?
Coitaditos, mesmo indo para os ”lugares sagrados” o Alá deixou-os morrer!
Mas recursos para terrorismo, canhões, aviões, foguetes e policia politico-religiosa vão bem obrigado. Ou seja…
E eu a pensar que os reclusos serviam para vir cá para fora combater o vírus à paulada!
O regime na China controla tudo, o médico q deu o alerta e ja faleceu teve seu consultorio e casa vasculhados após propagar a noticia, vcs realmente acreditam q morreram apenas 2.900 chineses? A cidade de Wuan tem 11 milhoes de habitantes q vivem, trabalham, viajam junto e 6 milhoes viajaram de ferias em fevereiro, 2 grandes hospitais em 10 dias? Pra que tanta correria????
No Irão tudo tbm é controlado pelos Aiatolás q mandam e desmandam, enforcam gays, lésbicas, quem for contra o regime é acusado de espião, mantém com dinheiro o HAMAS, HESBOLA, Terrorismo na Iêmen, estão na SIRIA dando apoio militar e financeiro,q estaria Fazendo um general as escondidas no Iraque pra ser morto pelos EUA, visitando parentes talvez, lotaram as mesquitas e imaginem a propagação desse virus q matou a cúpula do ministério da saude e de outros q se reuniram para tratar de assuntos governamentais