Treze anos depois de publicar um estudo pioneiro com macacos capazes de movimentar um braço robótico apenas com o “poder da mente”, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke, apresentou ontem (6) a primeira versão “ambidestra” dessa tecnologia, mostrando que é possível controlar dois braços virtuais – um direito e um esquerdo – simultaneamente, por meio de comandos cerebrais integrados.
Os resultados, publicados na revista Science Translational Medicine, elevam o nível de sofisticação das tecnologias de interface cérebro-computador (ICM) e abrem a perspectiva de que, no futuro, pessoas paralisadas por lesões medulares poderão controlar braços robóticos – externos ou integrados no seu corpo – como se fossem os seus próprios membros, através do ato de pensar sobre os movimentos.
A técnica consiste em captar e decodificar os comandos cerebrais que os macacos utilizam para movimentar os próprios braços, transformando-os em comandos eletrónicos que podem ser usados para orientar os membros de um macaco virtual em tempo real.
A investigação mostrou que os movimentos do corpo são criados a partir da atividade de um grande conjunto de neurónios. Neste estudo, foi necessário registar a atividade de quase 500 neurónios, o maior número analisado até hoje.
Esta investigação contribuirá para outro projeto de Miguel Nicolelis, o “Andar de Novo“, que tem como objetivo colocar um paciente brasileiro paraplégico a caminhar e a dar o remate de abertura do Mundial de Futebol de 2014, usando uma roupa robótica (exoesqueleto) controlada pelo cérebro.
ZAP / MA com AE