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Partidos de esquerda recusam referendo à eutanásia

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Manuel de Almeida / Lusa

Os partidos de esquerda parlamentar não aprovam a ideia de um referendo à eutanásia. Apenas o CDS e o Chega são a favor desta iniciativa.

A maioria dos partidos com assento parlamentar rejeita a ideia de se fazer um referendo à eutanásia. Bloco, PAN, PS, PEV, IL e Joacine Katar Moreira consideram que a Assembleia da República tem capacidade e legitimidade para legislar sobre a penalização da morte assistida. Apenas o CDS e o Chega aprovam o referendo.

O PSD, por sua vez, mostra-se indeciso. No entanto, realça que não é possível travar o processo legislativo em vésperas de debate e votação na generalidade.

“É praticamente impossível evitar que o processo legislativo não ocorra. Isto deverá ser aprovado e segue para a comissão, para a discussão na especialidade”, disse o vice-presidente da bancada social democrata, citado pelo jornal Público.

André Silva, do PAN, lembra que já se quis fazer o mesmo com o aborto. Agora, o deputado explica que quem está contra “percebeu que há uma maioria clara para fazer aprovar” a eutanásia. “Não tendo argumentos nas urnas nem parlamentares para contrariar este avanço, recorrem à tática referendária“, atirou.

José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda, diz que “o que está em causa é importante e sério demais para nos entretermos com jogos políticos e expedientes processuais”.

O referendo é apoiado pela Igreja, após a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) ter anunciado o seu apoio às iniciativas contra a despenalização da eutanásia.

“A opção mais digna contra a eutanásia está nos cuidados paliativos, como compromisso de proximidade, respeito e cuidado da vida humana até ao seu fim natural”, lê-se no documento divulgado. O secretário da CEP, Manuel Barbosa, acredita que um referendo é uma forma “útil para defender a vida no seu todo, desde o princípio até ao seu fim natural”.

O CDS é um dos partidos que apoia o referendo, mas realçam que não o tencionam propor. “O CDS não proporá um referendo porque a vida não é referendável, mas apoiará uma iniciativa referendária que parta de instituições da sociedade civil”, disse o vice-presidente André Lima.

O Chega é o outro partido a favor do referendo à eutanásia. O seu deputado único, André Ventura, considera ser “despropositada qualquer regulamentação da eutanásia antes de implementada uma rede de cuidados paliativos” e salienta que fazê-lo “é começar a casa pelo telhado e violar grosseiramente o respeito pela dignidade da pessoa humana“.

Recolha de assinaturas para o referendo está “viral”

A Federação Portuguesa pela Vida (FPV) diz que a adesão à iniciativa de referendar a despenalização da eutanásia está a ultrapassar todas as expetativas.”Está a tornar-se viral. Estamos admirados com a adesão”, admitiu Isilda Pegado, presidente da FPV.

Ao todo são já quase 9 mil assinaturas online e 4 mil assinaturas em papel, contabilizando um total de cerca de 13 mil assinaturas.

“Nem sequer enviamos as cartas para as associações que integram a federação e para os grupos que se têm formado pelo país em defesa da vida, só o vamos fazer amanhã ou depois”, disse Pegado, dizendo que a PFV se limitou a divulgar a iniciativa na internet.

“Quando as pessoas votam em questões destas, o que realmente importa são as suas convicções mais profundas, que se formam pelo que veem em situações de pessoas próximas. Tenho a certeza absoluta de que, se houver um referendo, vamos ganhar“, disse Bruno Maia, um dos membros do movimento, citado pelo Expresso.

O ex-presidente da República Aníbal Cavaco Silva é uma das pessoas que apoia o referendo caso o Parlamento aprove um dos projetos lei que prevê a despenalização da morte assistida.

“Considero a legalização da eutanásia a decisão mais grave para o futuro da nossa sociedade que a Assembleia da República pode tomar. É abrir uma porta a abusos na questão da vida ou da morte de consequências assustadoras”, disse Cavaco Silva em declarações à Rádio Renascença.

“Os deputados não podem tratar com leviandade o bem mais precioso de cada indivíduo, a VIDA. Não procurem enganar os portugueses dizendo que é uma questão de consciência. É sim, um retrocesso no nosso sistema de valores”, acrescentou.

ZAP //

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6 Comments

  1. Uma lei para a eutanásia feita por esta gente que lá se encontra é bem capaz de legitimar o homicídio para além do suicídio. Por ordem hierárquica e sem registo…se faz favor.

  2. E viva a democracia de esquerda!!!!!
    Estava no programa de algum deles a aprovação da eutanásia sem realização de referendo?
    Como podiam perder, assim funciona de certeza. E como pugnam pela democracia directa, até aposto que vão impor disciplina de voto aos respectivos correlegionários…
    E esta hâ! (direitos de exclamação atribuídas ao Fernando Peça)

    • Sim, nos programas eleitorais do BE, do PAN e do Livre. Já agora, o saudoso Fernando Pessa (não, Peça, porque ele nada pedia, que eu saiba, mas talvez gostasse que escrevessem corretamente o seu nome) exclamava “E esta, hein?”

  3. Nem quero imaginar, que se faça um referendo em torno deste caso. Já imaginam de dar a escolher esta solução com um simples sim ou não ?????….. Uma cruz riscada por algumas mãos dirigidas por outras pessoas ???…… Escolherem um não por uma alargada propaganda Religiosa ou um sim por uma propaganda extremista ????…. ou simplesmente riscar uma cruz a sorte porque não sabe ler ?…. ! . Se tiver que ser “Legislado” que seja no sitio certo, por Deputados Eleitos que darão a cara. Estamos num Estado Democrático e Laico !

  4. Apenas para dizer o seguinte: À esquerda é sempre a mesma, oportunista como sempre.Não conseguem
    ao menos aceitar que o povo se manifeste através do voto.Têm medo de quê!Quem não deve não teme.
    Depois de ter ouvido os srs deputados do B.E na rádio a dizer que basta a Assembleia a sua boa maneira que é quanto basta,será assim? Aqueles que não votaram! Estão de lado?Vamos ao referendo, que é a forma democrática de apurar qual a intenção do povo.

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