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Nu num cavalo branco e de saltos altos. Retrato de Emiliano Zapata gera indignação no México

(h) Fabian Chairez

Centenas de manifestantes invadiram o Palácio de Belas Artes do México, na passada terça-feira, por causa de um retrato do general Emiliano Zapata (1879-1919), considerado um herói revolucionário no país.

A obra, pintada pelo artista plástico Fabián Cháirez, faz parte da exposição “Zapata después de Zapata”, do historiador Luis Adrián Vargas Santiago, e pretende apresentar visões alternativas da revolução mexicana, tal como conta a agência AFP.

O general mexicano surge na obra montado num cavalo branco excitado, de sombrero cor-de-rosa e saltos altos. O seu bigode característico está também presente no retrato, que inclui ainda uma faixa de tecido de cor verde, branca e vermelho.

Este quadro faz parte de uma mostra que conta com mais de 141 obras e que foi já apresentada em vários outros locais desde 2014. Contudo, a obra gerou agora polémica quando o Ministério da Cultura o utilizou para promover o evento nas redes sociais.

“Queima, queima”, gritaram alguns manifestantes à porta da museu, segundo relata a AFP, defendendo que o retrato do general mexicano é ofensivo.

“Isto não é liberdade de expressão, é deboche. É degradante. Não podem exibir a nossa história desta forma. Não se pode permitir este tipo de gozo”, disse Antonio Medrano, porta-voz dos manifestantes, citado pelo jornal britânico The Guardian.

A família de Zapata também considera que o quadro denigre a sua figura, uma vez que o representa como homossexual. “Não vamos permitir”, disse Jorge Zapata González, dando conta que pondera até processar o museu se o retrato não for retirado.

Face aos protestos, o criador da obra explicou que decidiu pintar o retrato nestes moldes porque “a masculinidade de Zapata é glorificada”. “Há pessoas que sentem desconforto com corpos que não obedecem às regras. Neste caso, onde está a ofensa? Veem uma ofensa porque Zapata é feminizado”, defendeu.

2019, o ano do líder Zapata

Na última década, recorda o Diário de Notícias, têm sido publicados contos e romances que envolvem um Zapata homossexual, mas historiadores dizem que há poucas evidências para suportar estas histórias.

O presidente mexicano, Andrés López Obrador, declarou 2019, o ano em que se assinala o centenário da morte do general mexicano, como o Ano de Zapata. Papéis timbrados e materais promocionais do Governo mexicano foram timbrados com a imagem do líder.

Zapata, que acabou por ser assassinado em 1919, aos 39 anos, foi um líder da revolução mexicana. Apesar de ter sido um agricultor pobre, defendeu a apropriação de terras pelos mais ricos, sendo considerado por muitos mexicanos como um herói.

A mostra, que termina em fevereiro de 2020, surge no mesmo momento em que as comunidades LBGTQ mexicanas se estão a tornar mais proeminentes. Também as mulheres estão a lutar de forma mais ativa contra o machismo, o assédio sexual e os feminicídios no país.

ZAP //

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