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Documentos mostram “lavagem cerebral” em prisões chinesas

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Documentos recentemente divulgados comprovam que os muçulmanos da minoria Uigure, detidos em prisões de alta segurança do governo chinês, na região de Xinjiang, têm sido submetidos a um sistema de “lavagem cerebral”.

Esses documentos internos, aos quais o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação e alguns dos seus membros, como a BBC e o Guardian, tiveram acesso e divulgaram este domingo, comprovam um sistema montado de repressão daquela minoria, para tentar forçar os uigures a abandonarem a sua religião e a reforçarem a sua fidelidade ao Partido Comunista Chinês, noticiou o Observador.

A documentação foi divulgada menos de uma semana depois de o New York Times ter revelado outras centenas de páginas que comprovam ter havido ordens diretas do Presidente chinês, Xi Jinping, e de outros responsáveis intermédios nesta matéria.

A China começou por negar a existência dos campos e atualmente defende que não é exercida qualquer violência nos mesmos e que são apenas campos de “reeducação” – algo que estes documentos negam totalmente.

Cerca de um milhão de pessoas terão sido detidas nestes campos sem ter passado por julgamento, na sua grande maioria muçulmanos da minoria Uigure, revelou a BBC.

Num dos documentos divulgados há ordens para o que os guardas devem fazer nos campos: nunca permitir fugas, aumentar a disciplina e os castigos para os que violem ordens, promover o arrependimento e a confissão, tornar o estudo do Mandarim a principal prioridade, encorajar os estudantes à verdadeira transformação e que as câmaras de vigilância nos dormitórios e salas de aula não tenham ângulos mortos.

Segundo o Observador, esta não é a primeira vez que relatos credíveis desvendam a forma como o governo gere esses campos. Em junho, Uyghur Halmut Harri, cujos pais foram ambos detidos nestes campos, relatou àquele jornal diário o desaparecimento da sua mãe.

“Telefonei para vários sítios e para várias pessoas e acabaram por explicar-me que a tinham enviado para um sítio para ela estudar Mandarim para ajudar no esforço de propaganda. Isso não fazia sentido: a minha mãe tirou um mestrado em Pequim, trabalhava para um jornal do Partido em Turpan… Ela sabe bem chinês e já trabalhava para a máquina de propaganda, não precisa de ser ensinada. Foi então que telefonei à polícia local e fui muito insultado. Pensei: se a mim me fazem isto ao telefone, o que lhe farão a ela? Não conseguia imaginar”, contou Uyghur Halmut Harr.

A credibilidade da documentação a que os jornalistas tiveram acesso foi confirmada por especialistas. “Os documentos secretos chineses têm uma estrutura muita própria. E estes documentos são 100% iguais aos modelos de documentos secretos que já vi”, declarou ao Guardian James Mulvenon, perito em verificação de documentação do governo chinês, que classificou ao jornal os documentos como “autênticos”.

Sophie Richardson, diretora sobre a China na Human Rights Watch, disse à BBC que esses documentos são “uma prova” das “violações grosseiras de direitos humanos na China”.

Ao Observador, Maya Wang, da mesma organização, já tinha comentado a situação dos Uyghurs: “A situação de Xinjiang é muito específica, porque a repressão naquela região é movida por racismo. É um sentimento de racismo profundo que não tem qualquer tipo de contraditório ou informação por parte dos media, tal como acontece no Ocidente”.

O embaixador chinês em Londres, Liu Xiaoming, negou completamente o que foi reportado pelos media britânicos. “A região goza agora de estabilidade social e unidade entre os grupos étnicos”, afirmou. “Com um completo desrespeito pelos factos, algumas pessoas no Ocidente têm difamado ferozmente a China no que diz respeito a Xinjiang, numa tentativa para criar uma desculpa para interferir nos assuntos chineses”, acusou ainda.

ZAP //

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2 Comments

  1. Isto é algo que qualquer governante de um país democrático não-muçulmano deve sonhar num sonho mais profundo. Também considero a postura de muçulmanos incompreensível, mas também o do povo Roma. Mesmo assim eles têm tanto direito de estar neste planeta como qualquer outro. Desde que não ameaçam querer conquistar o mundo e tirar este direito aos outros. E aí é que se chega ao ponto crucial. A doutrina islâmica tem isto como primeiro objectivo, custe que custar

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