Numa ação inédita, 22 países da ONU assinaram uma carta que condena a repressão chinesa sobre a comunidade de muçulmanos uigures. Os Estados Unidos não assinaram.
Pequim enfrenta uma crescente pressão diplomática devido às práticas repressoras que perpetua contra a comunidade de uigures, maioritariamente muçulmanos. Ainda recentemente, a China foi acusada de separar crianças uigures dos pais e de as colocar em campos de doutrinação. Este é apenas um exemplo do tratamento dos chineses a esta minoria.
Em sua defesa, a China argumenta que estes são “centros de educação vocacional” onde os uigures recebem orientação profissional. O objetivo destes centros passa por eliminar o extremismo religioso, o terrorismo e o separatismo.
Agora, pela primeira vez, 22 embaixadores da Organização das Nações Unidas assinaram uma carta que condena a repressão chinesa sobre os uigures. A carta não contou com o apoio dos Estados Unidos da América após estes se terem retirado do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em junho.
Na carta é realçada a preocupação com “relatos credíveis de detenções arbitrárias, assim como vigilância e restrições generalizadas“. Para além dos uigures, também é feita alusão à repressão a outras minorias com presença no território chinês. A missiva tem como destinatários o presidente do Conselho de Direitos Humanos, Coly Seck, e à Alta Comissária das Nações Unidos para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
De acordo com o The Washington Post, a carta foi assinada por países como Canadá, Austrália, França, Alemanha, Japão e Reino Unido. Em reação, o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês considerou que isto se trata de uma “interferência flagrante nos assuntos internos da China”.
“O governo chinês e o povo chinês estão melhor qualificados para falar sobre questões de Xinjiang, e não permitimos que outros países ou poderes interfiram“, disse Geng Shuang, porta-voz do ministério.
Os signatários da carta incitam Pequim a permitir a “liberdade de movimentos dos uigures e de outras comunidades muçulmanas e minoritárias em Xinjiang”. Esta é uma ação inédita, uma vez que, segundo o Expresso, raramente os diplomatas enviam cartas abertas a criticar a atuação de um país.