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A Rússia criou a arma mais mortífera da história. Foi há 72 anos

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YT / James Varela

Mikhail Kalashnikov com a sua criação, a AK-47

Comummente conhecida por AK-47, a espingarda Kalashnikov foi responsável por milhões de mortes durante a nossa História, sendo uma das armas mais populares do mundo e a mais fabricada pela indústria de armamento.

Segundo o The Conversation, a arma foi desenvolvida em segredo para o Exército soviético, imediatamente depois do fim da II Guerra Mundial, pelas mãos do militar Mikhail Kalashnikov.

Nascido a 10 de novembro de 1919, Kalashnikov era mecânico de tanques nas Forças Armadas soviéticas e acabou por ser ferido durante a invasão alemã à URSS em 1941. Depois de comprovar, em primeira mão, que as armas dos rivais alemães eram bastante melhores, o russo decidiu pôr mãos à obra para criar uma ainda mais competitiva.

Enquanto ainda estava no Exército, Kalashnikov desenvolveu vários projetos — tendo perdido para os seus concorrentes —, até finalmente chegar à primeira AK-47, de seu nome Automat Kalashnikova 1947, o ano em que foi produzida.

Dois anos depois, a AK-47 tornou-se a espingarda de assalto do Exército soviético, mas viria a ser adotada por inúmeros outros exércitos no mundo graças ao Pacto de Varsóvia, uma aliança militar formada pelos países do bloco do leste.

A AK-47 tornou-se também um símbolo revolucionário um pouco por todo o mundo, em países como o Vietname, o Afeganistão, a Colômbia e em Moçambique, sendo que neste último país está mesmo representada na bandeira nacional.

Ao longo da sua longa vida, Kalashnikov continuou a ajustar o design clássico desta espingarda. Em 1959, começou a ser produzida a variante melhorada AKM, que substituiu o recetor fresado da AK-47 por um de metal estampado, tornando-a mais leve e mais barata de produzir. Nos anos 60, o russo também foi responsável pela metralhadora PK.

Porque é que a AK-47 se tornou tão revolucionária na indústria de armamento? Por várias razões: por ter um baixo custo de produção, por ser fácil de usar e de transportar, por ser considerada extremamente fiável em condições adversas e por ter fácil manutenção.

jessamyn / Flickr

A icónica AK-47

De acordo com o mesmo site, Kalashnikov gostava de se gabar da superioridade da sua arma relativamente à M-16. “Durante a Guerra do Vietname, os soldados norte-americanos deitavam fora as suas M-16 para roubar as AK-47 e as suas balas dos soldados vietnamitas mortos. E também sei que a usam com bastante frequência no Iraque”, disse numa entrevista em 2007.

Mas não é só nos conflitos armados que esta arma conquista o seu lugar, sendo também usada no mundo do crime e do terrorismo. Em 1972, no chamado Massacre de Munique, os sequestradores que invadiram a Aldeia Olímpica estavam armados com Kalashnikovs. Nos Estados Unidos, também já foram usadas versões semi-automáticas desta arma em tiroteios em várias zonas do país.

Atualmente, o preço desta espingarda costuma rondar as centenas de dólares, mas alguns exemplares chegam a ser adquiridos por apenas 50 — cerca de 45 euros — graças à gigantesca produção mundial, sobretudo em países com mão-de-obra barata, que fez baixar os preços.

Ainda na época da União Soviética, Kalashnikov foi homenageado com o Prémio Stalin, a Estrela Vermelha e a Ordem de Lenin. Em 2007, o Presidente Vladimir Putin descreveu a sua arma como “um símbolo da genialidade criativa do povo russo”.

Kalashnikov morreu, em 2013, aos 94 anos de idade, em Izhevsk, a sua cidade natal, como um verdadeiro herói nacional. Durante a maior parte da sua vida, o russo recusou sentir-se culpado por todas as mortes e ferimentos infligidos pela sua invenção, dizendo que a havia desenvolvido para defesa, não para ofensa.

Em 2007, quando questionado se conseguia dormir à noite, Kalashnikov respondeu: “Eu durmo bem. São os políticos os culpados por não chegarem a um acordo e por recorrerem à violência”.

No entanto, no seu último ano de vida, o russo deu o braço a torcer, tendo escrito uma carta endereçada à Igreja Ortodoxa Russa na qual se podia ler: “A dor na minha alma é insuportável. Continuo a fazer-me a mesma pergunta insolúvel: se a minha arma tirou a vida de várias pessoas, isso significa que sou responsável pelas suas mortes”.

ZAP //

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