Exigiu-se a revisão da Constituição do país, o Presidente chileno Sebastián Piñera aceitou e apresentou uma proposta nesse sentido, mas nem a oposição nem mesmo alguns membros do Governo estão satisfeitos.
A principal crítica tem que ver com a autoria do documento, que se espera que seja redigido por um “Congresso Constituinte”, tudo indica que formado pelos atuais membros do Parlamento, e depois submetido a referendo, segundo indicações dadas no domingo passado pelo ministro do Interior, Gonzalo Blumel, citado pelo Expresso.
Para a oposição, trata-se de um processo “totalmente desadequado”, precisamente por envolver a participação de “legisladores em que os manifestantes não confiam”. Além disso, defenderam, o referendo deveria ser realizado antes de a Constituição estar escrita e não depois, “de modo a que a opinião de todos possa ser considerada”.
“Os cidadãos querem algo diferente”, afirmou Felipe Harboe, senador da oposição, citado pela Associated Press, referindo-se à necessidade de se criar uma Assembleia Constituinte ou garantir outra forma de participação direta.
“É necessário convocar uma votação para iniciar um processo constitucional e os chilenos devem pronunciar-se se querem ou não uma nova Constituição e também sobre o mecanismo de elaboração”, afirmou, por sua vez, Álvaro Elizalde, presidente do Partido Socialista do Chile.
Já para o líder do Partido Radical, Carlos Maldonado, é necessário um “amplo acordo com a oposição” para garantir que o processo é “legítimo, credível, claro e concreto”.
Dentro do próprio Governo há vozes dissonantes, como a do senador Manuel José Ossandón. “O Parlamento não tem credibilidade para fazer algo que não envolva uma maior participação da comunidade”, afirmou.
Criar a tão desejada Assembleia Constituinte, que seria formada por um grupo de cidadãos eleitos e com a responsabilidade de redigir a nova Constituição, não é contudo hipótese que o Governo considere, como ainda esta segunda-feira fez questão de salientar uma porta-voz, Karla Rubilar.
Por isso mesmo, os protestos continuam em Santiago do Chile, capital do país, estando marcada uma greve nacional para esta terça-feira.
Além de uma nova Constituição que substitua a atual, que foi aprovada durante a ditadura de Augusto Pinochet, os manifestantes exigem medidas concretas para resolver problemas graves no país, como a desigualdade, os salários baixos e as reformas que muitos consideram “indignas”, além de melhorias em áreas como a saúde e a educação.
Apesar de a maioria dos protestos ter decorrido de forma pacífica, morreram 20 pessoas em confrontos entre manifestantes e polícia.