Os eleitores espanhóis voltam às urnas, este domingo, mas com a esperança de que os partidos cheguem finalmente a um acordo que acabe o impasse político.
“Estou farto de eleições, mas a democracia é assim mesmo”, disse à Lusa Jua, que tinha acabado de votar numa das urnas instaladas na Escola Primária Manuel Sáinz de Vicuna, no bairro de Moratalaz de Madrid.
Este espanhol de 48 anos espera “que, desta vez, os partidos possam chegar a acordo“, para haver um Governo “estável” que faça “avançar” o país.
Cerca de 37 milhões de espanhóis estão a exercer o seu direito de voto desde as 09h00 locais até às 20h00 para escolher 350 deputados e 208 senadores das Cortes Gerais, numa votação que se repete pela quarta vez em quatro anos.
“Já não acredito em nenhum partido, cada um só pensa em si e não sei se vão desbloquear o atual impasse”, disse, acompanhada pelo marido, Joana, de 65 anos, acrescentando que, apesar de estar “cansada de votar”, é preciso cumprir o dever cívico.
“Não quero voltar para votar mais uma vez. Os partidos deviam ser obrigados a chegar a um acordo”, afirmou Maribel, de 55 anos, que deu o exemplo das crianças da escola que “agora” aprendem que na vida “é preciso fazer compromissos” entre pessoas que não pensam da mesma forma.
“Acho que é boa a situação atual de haver muitos partidos. Há mais diversidade, mas têm de chegar a acordo entre eles”, afirmou Manuel, de 45 anos, sem saudades dos quase 40 anos em que PSOE (socialistas) e PP (direita) se intercalavam com maiorias absolutas no Governo.
“Mais partidos não é necessariamente mau, mas as pessoas estão cada vez mais desmobilizadas”, opinou Juan Miguel, de 45 anos, depois de votar, acrescentado esperar que o PSOE, desta vez, chegue a um “acordo com a esquerda e não com a direita”.
O primeiro-ministro em funções, Pedro Sánchez, foi um dos primeiros líderes partidários a votar, aproveitando para lembrar que o exercício do voto reforça a democracia.
“Considero muito importante que reforcemos a nossa democracia com o nosso voto e que encorajemos todos os cidadãos a votar para que amanhã possamos ter estabilidade para formar um Governo e fazer com que Espanha possa avançar”, referiu o líder do PSOE aos jornalistas.
Nas últimas eleições, a 28 de abril, o PSOE teve 28,7% dos votos, seguido pelo PP 16,7%, o Cidadãos (direita liberal) 15,9%, o Unidas Podemos (extrema-esquerda) 14,3% e o Vox (extrema-direita) 10,3%. Agora junta-se o Mais País, uma formação criada a partir de uma cisão do Podemos.
Seis meses depois da última consulta, as sondagens indicam que o voto está cada vez mais fragmentado, com o PSOE a perder força, a extrema-direita do Vox a subir e um equilíbrio entre os blocos de partidos de esquerda e de direita.
O fiel da balança vai continuar a estar numa série de pequenos partidos de âmbito regional, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães responsáveis pela queda do anterior executivo socialista e de quem ninguém quer ficar a depender.
Assim que as urnas encerrarem, as televisões irão revelar sondagens feitas à boca das urnas durante o dia e, a partir das 21h00, começarão a sair os resultados das quase 60 mil mesas e mais de 210 mil urnas instaladas em 50 províncias e nas cidades de Ceuta e Melila, no norte de África.
ZAP // Lusa