O primeiro-ministro do Líbano anunciou, esta terça-feira, que vai entregar o seu pedido de demissão, não resistindo a 13 dias ininterruptos de protestos contra o Governo.
Saad Hariri convocou os jornalistas, no dia em que as manifestações de protesto aumentavam de tom nas ruas de Beirute, para anunciar que vai entregar o pedido de demissão ao Presidente do Líbano, Michel Aoun.
Os manifestantes têm pedido a renúncia do Governo e do regime que domina o país desde a guerra civil de 1975-1990 e, no domingo, formaram mesmo um cordão humano com 170 quilómetros de cumprimento.
Os manifestantes aplaudiram a decisão do chefe do Governo, horas depois de violentos confrontos nas ruas de Beirute, quando dezenas de homens armados, associados ao movimento pró-iraniano Hezbollah, se tinham insurgido contra os protestos anti-governamentais, derrubando tendas e partindo cadeiras.
Até ao anúncio de Hariri, o Governo não tinha conseguido atender as exigências dos populares que há 13 dias contestavam o regime, depois da aplicação de um imposto sobre as mensagens enviadas pelo WhatsApp.
O novo imposto foi entretanto cancelado, mas os contestatários aproveitaram a oportunidade para lançarem uma forte campanha de acusações ao Governo, com cartazes a apelidá-lo de “corrupto e incompetente”.
Num discurso televisivo, a 21 de outubro, o primeiro-ministro ainda procurou acalmar as tensões, anunciado um plano de reforma e medidas contra a corrupção, mas não convenceu os cidadãos, que continuaram a encher ruas e praças no Líbano.
Três dias depois, o Presidente Michel Aoun levantou a possibilidade de uma remodelação do seu gabinete, que não se concretizou, devido a divisões internas, acicatando ainda mais os protestos populares.
O poderoso líder pró-iraniano do Hezbollah, Hassan Nasrallah, também não apoiou a hipótese de renúncia do Governo e, segundo a imprensa internacional, os Governos dos EUA e da França juntaram a sua voz no apelo a que o primeiro-ministro permanecesse em funções, em nome da estabilidade.
// Lusa