Crianças que nascem por cesariana tendem a não ter micróbios intestinais essenciais à sua saúde, segundo o maior estudo deste tipo, realizado com quase 600 bebés recém-nascidos no Reino Unido.
Vários estudos demonstraram a importância da microbiota – os micróbios que vivem nos nossos organismos – para a saúde humana. Além disso, foram várias as pesquisas que indicaram que o parto natural pode ser mais benéfico para a microbiota da criança, uma vez que passa pelo canal vaginal da mãe, adquirindo assim os micróbios essenciais.
Neste novo estudo, segundo os cientistas, o mais interessante foi o facto de os bebés nascidos por cesariana conterem micróbios prejudiciais à sua saúde.
“O nível de colonização por patogénicos é chocante nestas crianças. Quando vi os dados pela primeira vez, não consegui acreditar”, disse o principal autor do estudo, Trevor Lawley, do Instituto Wellcome Sanger, em Hinxton, no Reino Unido. O artigo científico foi publicado na Nature.
De acordo com o Scientific American, a investigação envolveu 596 bebés, 314 nascidos por parto normal e 282 por cesariana. A equipa de Lawley analisou o ADN dos micróbios nas fezes de todas as crianças em três períodos diferentes: quatro, sete e 21 dias após o seu nascimento.
Os cientistas concluíram que os bebés nascidos por cesariana não tinham estirpes de bactérias comensais normalmente observadas em pessoas saudáveis. Pelo contrário, estas bactérias compunham a maior parte da microbiota dos bebés nascidos pelo canal vaginal.
Mas a pior notícia, segundo os investigadores, foi o facto de o intestino dos bebés nascidos por cesariana apresentar bactérias “oportunistas”, como Enterococcus e Klebsiella.
Alguns meses depois do nascimento, os cientistas observaram que a microbiota dos bebés ficou semelhante, com exceção de um género comum chamado Bacteroides, quase ausente nas crianças nascidas por cesariana. Em média, nove meses depois, 60% dos bebés nascidos por cesariana ainda não tinham Bacteroides nos seus intestinos, sendo que estudos anteriores sugeriram que estas bactérias podem afetar o sistema imunológico e diminuir a inflamação.
Além disso, análises genómicas realizadas nos micróbios dos bebés nascidos por cesariana revelaram genes responsáveis por vírus e resistência a antibióticos, ligados às bactérias “oportunistas” com as quais nasceram.
Os investigadores alertam que há outros fatores, além do método de nascimento, que podem influenciar a microbiota dos recém-nascidos, incluindo o facto de as mães que fazem uma cesariana tomarem antibióticos que podem afetar o bebé durante a amamentação. Além disso, estes recém-nascidos costumam passar mais tempo num ambiente hospitalar, o que não é propriamente benéfico.
Esta investigação pode ajudar os cientistas a desenvolver métodos eficazes para fornecer a microbiota essencial inerente ao parto natural a bebés que nascem por cesariana, mas isto ainda está muito longe de se tornar realidade.
“A ideia de colocar micróbios indefinidos em crianças imunologicamente subdesenvolvidas é muito arriscada. Os nossos dados não suportam isso”, resume Lawley.
ZAP // HypeScience
Não era a seita da ciência médica que apregoava aos quatro ventos que era muito melhor para a saúde fazer-se uma cesariana? No portugalex então fazia-se e faz-se cesariana a torto e direito. Por isso temos crianças e adolescentes mais doentes do que saudáveis.