O congressista norte-americano Elijah Cummings, uma das figuras do Partido Democrata mais respeitadas na oposição pela sua frontalidade e por acalmar protestos violentos e desentendimentos entre adversários, morreu esta quinta-feira, aos 68 anos.
A notícia da morte foi avançada pelo seu gabinete. Sabia-se, de acordo com o jornal Público, que o congressista tinha graves problemas de saúde que o levaram, nos últimos tempos, a surgir em público numa cadeira de rodas e a respirar com a ajuda de uma garrafa de oxigénio. Uma cirurgia ao coração mantivera-o afastado do Congresso durante três meses em 2017. Pouco depois, foi internado devido a uma infeção no joelho. Segundo o seu porta-voz, citado pelo The New York Times, Cummings morreu, de facto, devido a “complicações ligadas a problemas de saúde”.
Formado em Direito, foi eleito para a Câmara dos Representantes em 1996 por Baltimore, a maior cidade do estado do Maryland, e liderava a Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes, que tem um papel central no processo de impugnação contra o Presidente Donald Trump.
Em julho, viu-se no meio de uma troca de palavras com Trump, depois de ter criticado as condições dos centros de detenção na fronteira com o México. Em resposta, o Presidente norte-americano acusou Cummings de representar um distrito “nojento e infestado de ratazanas”.
Depois da eleição de Trump, em 2016, Cummings foi criticado pelos sectores mais progressistas do Partido Democrata por estender a mão ao novo Presidente. Esteve presente na cerimónia de tomada de posse, em janeiro de 2017, e sugeriu a Trump que os dois se juntassem para cortar os preços dos medicamentos.
Com o passar do tempo, Cummings disse que se cansou de dar uma oportunidade ao Presidente. “Se soubesse o que sei hoje, não teria tido muita esperança”, disse o congressista, na altura. “Ele é um homem que passa o tempo a dizer que uma verdade é mentira e que uma mentira é verdade.”
Elijah Cummings foi elogiado pelos seus adversários políticos em 2015, no auge dos protestos em Baltimore pela morte de Freddie Gray, um afro-americano de 25 anos que morreu numa carrinha da polícia. Após o funeral de Gray, o congressista foi para a rua com um megafone para tentar acalmar os protestos violentos contra a polícia de Baltimore. Seis agentes envolvidos na morte de Freddy Gray foram acusados, mas o tribunal considerou que não foram apresentadas provas suficientes para condenar qualquer um deles.
Um dos episódios que mostra a dedicação de Elijah Cummings à gestão de conflitos aconteceu em fevereiro de 2018, quando a comissão a que presidia ouvia o testemunho de Michael Cohen, o antigo advogado pessoal de Donald Trump. Depois de a congressista Rashida Tlaib, do Partido Democrata, ter acusado Mark Meadows, do Partido Republicano, de dar um “golpe racista” por sentar atrás de si uma funcionária negra, Elijah Cummings saiu em defesa do republicano, que descreveu como sendo um dos seus melhores amigos.
No dia seguinte, Rashida Tlaib e Mark Meadows deram um abraço em público.