Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira que vão impor tarifas punitivas a produtos da União Europeia, incluindo aeronaves, a partir de 18 de outubro, medida que surge após uma decisão favorável da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O governo norte-americano tenciona impor tarifas adicionais de 10% a aeronaves dos países da União Europeia e 25% sobre “outros produtos”, disse um funcionário dos Serviços de Representação Comercial dos EUA.
A Organização Mundial de Comércio (OMC) autorizou esta quarta-feira os EUA a impor tarifas de 7,5 mil milhões de dólares (quase sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da União Europeia (UE) à aviação.
Segundo a lista divulgada pelo Gabinete de Comércio Internacional dos EUA, queijos, carne de porco, derivados de leite como iogurtes e manteigas, frutas como cereja, limões e pêssegos e diferentes tipos de moluscos oriundos de Portugal vão ser sujeitos a uma taxa adicional de 25% quando importados pelos EUA.
As azeitonas e o azeite português ficam isentos deste agravamento, ao contrário da azeitona e do azeite (refinado) com origem em Espanha, de acordo com o jornal Público
Na sequência desta decisão a Comissão Europeia disse esperar que os Estados Unidos não imponham tarifas “contraproducentes” a produtos europeus, garantindo que responderá à altura. Em causa está a disputa de quase 15 anos entre a UE e os Estados Unidos relativa aos apoios públicos às respetivas fabricantes aeronáuticas, Airbus (francesa) e Boeing (norte-americana).
Para a OMC, o valor agora determinado é “proporcional ao grau e à natureza dos efeitos adversos determinados entre o período de referência de 2011-2013”, ou seja, dos apoios europeus dados à Airbus nesta altura. A OMC tem sido palco de uma disputa, há vários anos, entre a Boeing e a Airbus, devido às subvenções e ajudas concedidas, respetivamente pelos Estados Unidos e pela UE, à sua indústria aeronáutica.
No final de março deste ano, a OMC concluiu que os Estados Unidos violaram regras comerciais com apoios ilegais à fabricante Boeing, prejudicando a Airbus, decisão que deu “vitória final” à UE numa disputa com 15 anos. Na altura, a OMC considerou ilegal o apoio dos Estados Unidos à Boeing, violando uma decisão imposta em 2012 pelo regulador dos diferendos comerciais, a qual o país disse que iria respeitar.
Em reação a essa decisão, Washington ameaçou impor aumentos nas tarifas de produtos europeus, incluindo à Airbus, uma retaliação à ajuda pública europeia recebida pelo fabricante europeu. Esta retaliação da administração norte-americana foi agora autorizada pela OMC, sendo a maior de sempre permitida por aquela entidade.
Sediada em Genebra, na Suíça, a OMC tem como função mediar as relações comerciais da quase totalidade dos países do mundo.
O mercado de ações europeu abriu o dia em baixa, um dia depois do pior desempenho diário desde dezembro, mas as perdas acabaram por ser estancadas quando se soube que a lista de produtos europeus sujeitos a taxas acrescidas tinha sido reduzida.
Já as ações da Airbus subiram 3,5% no início da manha, após uma quebra de 2% na quarta-feira, depois de se saber que a lista dos EUA deixava de fora alguns componentes de aviões fabricados por este consórcio europeu da aviação.
ZAP // Lusa
Só uma pequena correção: a Airbus não é (só) francesa (também tem participação publica alemã e espanhola).
A sede é na Holanda e está cotada na bolsa em França, Alemanha e Espanha.
Se o Trump se mete com os Portugueses vai ver com quantos paus se faz uma canoa. Nós só não estamos interessados numa guerra com os USA pois não temos espaço para tantos prisioneiros de guerra…