As autoridades egípcias voltaram a deter este domingo o conhecido ativista Alaa Abdelfatah, que até agora estava em liberdade condicional, mas com obrigação de pernoitar em esquadra policial desde março. Antes de março, Abdelfatah cumpriu cinco anos na prisão.
Segundo disse à agência EFE Laila Soueif, mãe do ativista, Abdelfatah não voltou a sair da esquadra de Dokki, no Cairo, onde deve passar 12 horas por dias (das 18h00 às 6h00) desde a sua liberdade condicional decretada em março. Soueif explicou que todos os dias se desloca à esquadra para ir buscar o filho, mas que este domingo, à hora em que este devia ter saído, os portões estavam encerrados.
Posteriormente, adiantou a mãe do ativista, a polícia informou que Abdelfatah tinha sido transferido para a Procuradoria de Segurança Interna. Segundo a mesma fonte, que se encontra diante daquela instituição judiciária, os advogados que estão no interior do edifício confirmaram que Abdelfatah se encontra ali, mas desconhecem a acusação que lhe é imputada.
Adiantou que o seu filho terá recebido algumas “advertências da Segurança do Estado (serviços de inteligência)” de que poderia voltar a ser preso. Soueif admitiu que a detenção do ativista possa estar relacionada com comentários que este fez nas redes sociais sobre os últimos incidentes no Egito, onde houve protestos contra o Presidente do país.
Desde então, o Centro Egípcio dos Direitos Económicos e Sociais documentou a detenção de 1.201 pessoas, que foram acusadas formalmente pelas autoridades e que se encontram em prisão preventiva, enquanto outro número idêntico de pessoas está desaparecido, suspeitando-se de que possam também estar detidos.
Além de Abdelfatah, outros ativistas pró-democracia e de direitos humanos, jornalistas e professores universitários foram detidos, segundo a organização de direitos humanos. Abdelfatah, que tem um blogue, já cumpriu cinco anos de prisão e pagou uma multa de 100 mil libras egípcias (cerca de 13 mil euros) por manifestar-se sem autorização em 2013.
Abdelfatah tem vindo as ser perseguido pelas autoridades egípcias desde a ditadura de Hosni Mubarak, derrubado pela revolta popular de 2011 na qual o ora detido teve um papel muito ativo nas redes sociais. Voltou a ser perseguido durante o mandato do ex-Presidente Mohamed Mursi (2012-2013) e também após o golpe de Estado de julho de 2013, encabeçado pelo Presidente Al Sisi.
// Lusa