O ex-Presidente do Zimbabué, que morreu no passado dia 6 de setembro num hospital em Singapura, sofria de cancro em fase terminal, anunciou esta segunda-feira o novo chefe de Estado do país.
O atual Presidente, Emmerson Mnangagwa, que se encontra em Nova Iorque para participar na Assembleia-Geral das Nações Unidas, explicou a membros do seu partido nos Estados Unidos que os médicos decidiram suspender o tratamento de quimioterapia a Robert Mugabe, atendendo à idade muito avançada do antigo chefe de Estado.
“Os médicos suspenderam o tratamento de quimioterapia, em primeiro lugar devido à idade e também porque o cancro se tinha disseminado e já não era útil”, disse Emmerson Mnangagwa, em declarações ao diário estatal zimbabweano Herald.
“Podia ter regressado a casa, mas a família disse que queria ficar (em Singapura)”, acrescentou ainda o novo chefe de Estado.
Mugabe foi afastado do poder por um golpe de Estado sem derramamento de sangue perpetrado por militares próximos de Mnangagwa em novembro de 2017, altura em que se afastou dos meios políticos.
Em 2008, o amigo da família e antigo governador do banco central do Zimbabwe, Gideon Gono, terá garantido que Mugabe sofria de um cancro na próstata em estado avançado.
Numa conversa com um embaixador dos EUA, revelada em 2011 pela Wikileaks, Gono afirmou que os médicos de Mugabe tinham-no instado a renunciar ao cargo, declarações que Gono negou mais tarde.
Mugabe deu entrada em abril deste ano num hospital de Singapura, país para o qual viajava com frequência, de acordo com fontes oficiais, para fazer “exames de rotina”.
O corpo de Mugabe permanece na sua mansão nos arredores da capital zimbabweana, enquanto se constrói um mausoléu, onde se espera que os restos mortais do antigo Presidente sejam enterrados, no próximo mês.
O regime de Mugabe foi caracterizado pela repressão dos seus opositores, eleições de credibilidade duvidosa, forte restrição da liberdade e falência da economia do Estado, ainda que muitos o considerem um lutador contra o domínio colonial branco e herói maior da independência nacional.
// Lusa