Os ataques deste sábado às instalações petrolíferas na Arábia Saudita paralisaram metade de produção de petróleo do país que é um dos maiores produtores a nível mundial.
Segundo a Saudi Aramco, os dez drones explosivos, que foram enviados pelo rebeldes iemenitas, atingiram o maior complexo de processamento do mundo, em Abqaiq, bem como o segundo principal campo petrolífero em Khurais. O ataque perpetrado com drones provocou incêndios nas instalações petrolíferas da Aramco.
Esta ação está a perturbar a produção saudita, com um corte de 5,7 milhões de barris diários, situação que deverá prolongar-se por 48 horas. A petrolífera saudita conta usar os stocks para evitar uma rutura no abastecimento ao mercado mundial de petróleo, mas os analistas admitem que os preços podem subir – não pelo efeito direto deste ataque, mas pela demonstração de como as instalações petrolíferas do país estão vulneráveis a ataques externos.
Ainda que tenha existido uma “cooperação inteligente” com pessoas dentro do país, de acordo com a agência de notícias Saba, controlada pelos rebeldes do Iémen que reivindicaram o ataque.
Os rebeldes Houthi, com o alegado apoio do Irão, fizeram dezenas de ataques no último ano, com recurso a drones. Os Huthisreivindicam regularmente lançamentos de mísseis com drones contra alvos sauditas e afirmam que agem como represália contra os ataques aéreos da coligação militar liderada pela Arábia Saudita, que intervém no Iémen em guerra desde 2015.
O jornal britânico The Guardian destaca a ação como a maior e mais bem sucedida ofensiva, apontando ainda para o nível elevado de sofisticação dos dispositivos usados.
O local atingido é descrito como o coração da indústria petrolífera saudita, como nota Robert McNally, responsável da Rapidan Energy Group. “Abqaiq é a instalação a mais crítica no circuito mundial de abastecimento de petróleo. Os preços vão saltar. Se a interrupção da produção se prolongar, uma libertação de reservas estratégicas por parte da Agência de Energia parece provável e sensata. No mínimo, o risco de uma escalada nas tensões regionais será suficiente para puxar os preços do petróleo ainda mais para cima.”
A aumentar ainda mais a tensão estão as acusações dos EUA de que o Irão está por trás da cerca de uma centena de ataques a território saudita, feitas através da conta de Twitter do secretário de Estado Mike Pompeo.
As autoridades iranianas já desmentiram o envolvimento no incidente. O chefe da diplomacia iraniana acusou mesmo Pompeo de se ter voltado para o “engano máximo” depois de ter falhado na “pressão máxima”.
“Os EUA e os seus clientes estão presos no Iémen por causa da ilusão de que a superioridade das armas levará à vitória militar”, acrescentou Zarif no Twitter. E rematou, dizendo: “Culpar o Irão não vai acabar com o desastre. Aceitar a nossa proposta de 15 de abril para acabar com a guerra e começar as negociações, talvez.”
Em maio do ano passado, Washington retirou-se unilateralmente do acordo nuclear, assinado há quatro anos pelo Irão, Alemanha, China, EUA, França, Reino Unido, Rússia e União Europeia (UE), que aliviava Teerão das sanções internacionais em troca de restrições ao seu programa nuclear. Ao retirar-se, Washington reintroduziu sanções numa campanha de “pressão máxima” sobre Teerão.
O regime iraniano tem insistido que quer salvar o acordo mas que os demais signatários, em particular a Europa, terão de fornecer apoio económico adicional. Contudo, no início de setembro, arrancou a terceira fase do incumprimento iraniano dos compromissos assumidos no acordo de 2015.
Zarif informou oficialmente a alta representante da UE para a política externa e segurança, Federica Mogherini, que Teerão agia em resposta ao “falhanço dos países europeus” em defender o acordo num contexto de pressão contínua dos EUA.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, tem liderado as conversações com o Irão, discutindo-se a abertura de uma linha de crédito para Teerão sobreviver às sanções impostas por Washington. Em cima da mesa está ainda a possibilidade de um encontro entre Trump e Rouhani à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorre entre os dias 17 e 30 em Nova Iorque.
EUA estão “carregados e prontos” para responder
O Presidente dos Estados Unidos também reagiu, dizendo que os norte-americanos estão “carregados e prontos” para responder ao ataque às refinarias sauditas, apontando que, embora pense saber quem é o “culpado”, vai aguardar por uma confirmação de Riade.
“As refinarias de petróleo da Arábia Saudita foram atacadas. Há razões para pensar que conhecemos o culpado, estamos carregados e prontos, com verificação pendente, mas estamos a aguardar por notícias do reino [saudita] sobre quem eles acreditam que foi a causa desse ataque e em que termos vamos prosseguir!”, escreveu no domingo à noite Donald Trump, na sua conta do Twitter.
Horas antes, Trump autorizou o recurso às reservas de petróleo, “caso seja necessário”, para estabilizar os mercados de energia após o ataque às instalações da Arábia Saudita. Segundo o Presidente, apenas a autorização poderia ajudar a evitar um aumento nos preços do petróleo, após o ataque ter levado à suspensão de mais de 5% da produção diária de petróleo bruto do mundo.
Neste domingo, um barril de petróleo Brent foi negociado a 70,98 dólares em Nova Iorque, um aumento de 18% em relação a sexta-feira, quando estava a ser negociado por 60,15 dólares.
Já esta segunda-feira, os preços do barril de petróleo subiram na abertura dos mercados asiáticos, mais de 10%. Por volta da 02h00 em Lisboa, nas trocas eletrónicas no continente asiático, o preço do barril de petróleo do Texas (WTI), de referência norte-americana, subiu 9,81%, para 60,23 dólares e o crude do mar do Norte, referência europeia, subiu 11,04%, para 66,87 dólares.
“As tensões no Médio Oriente estão a subir rapidamente, o que significa que este caso [subida do preço do petróleo] continuará a ecoar durante semana”, disse à AFP, o analista Jeffrey Halley, da financeira OANDA.
A Arábia Saudita é o segundo maior produtor de petróleo do mundo, ultrapassada apenas pelos EUA, mas como os norte-americanos são também os principais consumidores, os sauditas assumem o papel de principal exportador de crude.
ZAP // Lusa
Estamos pelos vistos a entrar de novo na escalada da guerra, tudo regiões de regimes autoritários fortemente norteados por crenças religiosas e antagónicas e o Irão parece querer tentar ser o cabecilha e impor a orientação política e militar na região, cheira-me a pólvora queimada.
E, na sequência da “Guerra Fria”, a “Guerra Quente” climática, soma e segue….
Por quanto tempo mais terão batatas para comer??!!
Assinado: Maria da Maia
Uma vez mais podemos verificar que os atuais incêndios não são (apenas) obra de maluquinhos com isqueiro na mão…
A tecnologia incendiária está em franca expansão!!!…
“A necessidade aguça o engenho e a arte”… já dizia o nosso Luisinho. Lembro-me de ter ligo isto, algures, nos Lusíadas…
Assinado: Maria da Maia