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Vaping. Seis mortes nos EUA preocupam pneumologistas portugueses

A utilização de cigarros eletrónicos está a causa uma maré de doenças pulmonares nos Estados Unidos. O número de vítimas mortais subiu esta terça-feira para seis.

Já são seis vítimas que morreram por doenças pulmonares, que se acreditam estar relacionadas com o vaping. Ao todo são 450 casos registados em 33 diferentes estados norte-americanos. A vítima mais recente tinha 50 anos e um historial de problemas de saúde.

Natural do Kansas, o homem terá dado entrada no hospital com vários sintomas de doença pulmonar, que se agravaram rapidamente. De acordo com o Expresso, à semelhança das outras vítimas conhecidas, não foi revelado o modelo de cigarro eletrónico usado pela vítima.

Tosse, dores no peito, dificuldade em respirar, náuseas, vómitos, diarreia, fadiga e perda de peso são os sintomas detetados nos diferentes casos conhecidos. As autoridades já estão a investigar a possível associação com os cigarros eletrónicos, mas ainda não foi confirmada oficialmente como sendo responsável pela doença pulmonar e consequente morte repentina.

Muitos dos casos estão a ser detetados em jovens, mas as vítimas são todas adultos e idosos com problemas de saúde crónicos. Uma análise preliminar do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, reparou que a maioria dos consumidores usou compostos de canábis nos cigarros eletrónicos.

Pneumologistas receosos

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) recomendou esta quarta-feira aos médicos que comuniquem às autoridades de saúde casos de doentes com sintomas respiratórios agudos que suspeitem estar ligados ao consumo do cigarro eletrónico, temendo que o número de doenças pulmonares se multiplique.

Este conselho faz parte de um conjunto de cinco recomendações emitidas hoje pela SPP na sequência do número crescente de casos de doença respiratória grave, de causa desconhecida, mas associada ao uso de cigarros eletrónicos, nos últimos dois meses nos Estados Unidos.

Até 6 de setembro as autoridades norte-americanas detetaram 450 casos e cinco mortes confirmadas, com uma apresentação clínica variada, mas tendo como ponto comum a todos o uso de produtos relacionados com cigarros eletrónicos (dispositivos, líquidos, cápsulas de enchimento e cartuchos).

“Até ao momento não se conhecem casos semelhantes fora dos EUA. No entanto, dada a grande disseminação destes produtos e fácil acessibilidade, é provável que surjam noutros países, incluindo Portugal”, adverte a SPP em comunicado.

Perante esta situação, os especialistas recomendam aos consumidores de cigarros eletrónicos que desenvolvam sintomas respiratórios agudos a procurar um médico e informá-lo sobre o produto que consomem.

Aconselham também os médicos que assistem doentes com quadro clínico semelhante a “obter informação detalhada sobre o uso destes dispositivos e comunicá-lo às autoridades de saúde, em caso de suspeita”.

Advertindo que “o uso de cigarros eletrónicos é perigoso e não é recomendado“, a SPP sublinha que o seu consumo deve ser especialmente evitado por grupos mais vulneráveis, como as crianças, adolescentes, adultos jovens, grávidas, idosos e doentes respiratórios crónicos.

Alerta ainda que é “especialmente perigosa a utilização de dispositivos adquiridos fora do comércio regulado, a sua utilização modificada ou a adição de líquidos ou óleos contendo derivados da canábis ou outros aditivos“.

Apesar de a investigação relativa a este surto nos EUA se manter em curso, os especialistas reiteram “a convicção de que a melhor forma de proteger a saúde respiratória é respirar ar limpo” e que “a inalação de compostos químicos presentes no vapor dos cigarros eletrónicos representa um risco real“.

Os especialistas explicam que, apesar de variável, a doença apresenta algumas características comuns: sintomas respiratórios (tosse seca, falta de ar, opressão torácica), sintomas gastrointestinais (náuseas, vómitos ou diarreia) e sintomas gerais (febre, perda de peso, fadiga).

“É muito relevante que as idades afetadas são bastante jovens e um terço tem menos de 18 anos (na série publicada variaram entre 16 e 52)”, referem no comunicado, adiantando que quase todos os casos reportados necessitaram de hospitalização, cerca de um terço com ventilação mecânica e nalguns casos até oxigenação extracorporal por membrana.

Apesar do número de dispositivos e líquidos diferentes disponíveis no mercado ser elevado, em cerca de 80% dos casos os doentes consumiram produtos com nicotina e derivados da canábis, como o tetrahidrocanabiol (THC) ou o canabidiol (CBD).

Segundo a SPP, desconhece-se se a doença é provocada por toxicidade de algum destes compostos, por aditivos ou contaminantes desconhecidos ou por outras substâncias formadas quando se dá o aquecimento e vaporização dos líquidos.

ZAP // Lusa

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