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Gabriel Cruz deixou Espanha em suspenso. Caso vai agora a julgamento

Carlos Barba / EPA

Espanha chora Gabriel Cruz

Gabriel Cruz, uma criança de oito anos, esteve desaparecido durante 12 dias. A companheira do pai, que participou nas buscas, foi intercetada com o corpo da criança na bagageira. O julgamento começou esta segunda-feira, em Espanha.

No final de fevereiro do ano passado, Gabriel Cruz, de oito anos, saiu de casa da avó para brincar com os primos, perto de Níjar, no sul de Espanha, e nunca mais voltou. O desaparecimento suscitou uma rápida onda de solidariedade, com vários voluntários a juntarem-se às buscas.

Quatro dias depois do desaparecimento, uma camisola interior da criança foi encontrada pela companheira do pai, a cerca de quatro quilómetros do local onde Gabriel tinha desaparecido. No entanto, ao 12.º dia, a polícia intercetou o veículo em que seguia a madrasta da criança e encontrou o corpo de Gabriel na mala.

Ana Julia Quezada, de 45 anos, que acompanhava o pai da criança nas buscas e chegou a dar entrevistas sobre o desaparecimento, acabou por ser detida depois de se deslocar à fazenda onde estava a construir uma casa com o companheiro e de ter retirado algo de um poço, que envolveu numa manta e colocou na bagageira. Mas a polícia, como a estava a vigiar, viu.

A autópsia revelou que Gabriel morreu asfixiado, por estrangulamento, no próprio dia em que desapareceu.

Esta segunda-feira, Ana Julia Quezada começou a ser julgada pelo assassínio de Gabriel Cruz. Segundo o Diário de Notícias, junto ao tribunal de Almería estão de serviço 40 agentes da Polícia e 130 jornalistas acreditados.

A acusação pede a pena máxima permitida pela lei espanhola – prisão perpétua com revisão (ao fim de 25 anos pode ser pedida a reavaliação da pena), e uma pena acessória de dez anos de prisão pelos danos psíquicos provocados aos pais. A defesa da mulher, de origem dominicana, alega que se tratou de um homicídio involuntário.

A decisão será tomada por um tribunal de júri. Para que Ana Julia Quezada seja declarada culpada é preciso que sete dos membros do júri concordem com esse veredito. Para ser declarada inocente bastam cinco opiniões concordantes.

O El País avança que o julgamento deverá prolongar-se por nove sessões, até 18 de setembro, e vai concentrar novamente todos os holofotes mediáticos. Mas nem todas as sessões serão abertas.

O depoimento dos pais de Gabriel, previsto para terça-feira, bem como o da avó e de uma prima menor, vão decorrer à porta fechada. O mesmo sucederá com a audiência onde serão ouvidos os médicos legistas, em que deverão ser revelados pormenores sobre a morte da criança.

Os pais já emitiram um comunicado, intitulado Pacto de Ética pelo Sorriso de Gabriel, a pedir “sensibilidade e responsabilidade” na cobertura mediática do julgamento

ZAP //

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