Num ciclo de sessões contínuas de entrevistas, António Costa foi coerente em manter uma postura de negociador-mor: o primeiro-ministro quer governar à mesa com todos.
Segundo a edição desta segunda-feiro do Expresso, António Costa já conseguiu consolidar três ideias para as eleições legislativas de outubro: o primeiro-ministro luta por uma maioria absoluta sem a pedir; se não a tiver, não fará nenhum Governo de coligação; e, quer a tenha ou não, assume o “dever de esforço permanente de entendimento o mais alargado possível”, como clarificou numa entrevista recente à Antena 1.
Na mesma entrevista, Costa assumiu que fará acordos escritos com quem os quiser ou não escritos com quem não os quiser.
“Somos bastante agnósticos. Faremos documentos escritos com quem entender e sem documentos escritos com quem não entender. Isso não é para nós uma questão essencial”, afirmou o primeiro-ministro, apostado em alargar o espectro de parcerias possíveis para a próxima legislatura.
A estratégia de Costa é clara, seja por que motivo for: garantir a sobrevivência de um eventual Governo minoritário ou amortecer as oposições num eventual Governo de maioria absoluta. O que interessa é pôr fim ao conceito de “arco de governação” e replicar o exemplo da Câmara Municipal de Lisboa, onde foi presidente com e sem maioria absoluta “sem nunca ter mudado a forma de governar”, “em diálogo com todos”.
Isto significa que, se António Costa não conseguir alcançar a maioria absoluta, joga à defesa, evitando colocar-se nas mãos de um ou dois únicos parceiros, como aconteceu nestes últimos quatro anos.
Ainda assim o primeiro-ministro estabelece prioridades nas conversas que terá a seguir à noite de eleições de dia 6 de outubro. “É natural que ele fale com o PCP e com o BE, com quem governou nestes anos”, afirmou ao Expresso fonte próxima de António Costa.
Da mesma forma, “é natural que fale com o PAN, que foi um parceiro discreto nesta legislatura” e que tem a vantagem de ser um partido ideologicamente neutro, o que descomplica.
Sobre o partido de André Silva, há quem o aponte inclusive como a “primeira opção” para Costa começar o processo negocial pós-legislativas. Mas a estratégia de António Costa é bastante mais abrangente.
Erradicar pobreza e elevar o complemento solidário para idosos
Este domingo, o secretário-geral do PS afirmou que, para a próxima legislatura, tem a ambição de erradicar pobreza e de elevar o complemento solidário para idosos.
“A ambição que nós temos, na próxima legislatura, é avançarmos mais no objetivo de erradicar a pobreza. E se há pobreza que nós temos que erradicar é a pobreza que atinge os mais idosos, que são aqueles que estão mais frágeis, são aqueles que mais dependem dos outros”, disse António Costa.
O secretário-geral do PS e atual primeiro-ministro falava no comício realizado este domingo na Praça do Município, na cidade da Guarda.
“E, por isso, temos um objetivo muito preciso para a próxima legislatura. É elevar o complemento solidário para idosos até ao limiar da pobreza, para que consigamos chegar ao fim dos próximos quatro anos e dizer ‘não há nenhum idoso que esteja em situação de pobreza no nosso país’”, prometeu.
ZAP // Lusa