André Silva recusa PAN como “pin na camisa do governo”

António Cotrim / Lusa

Após António Costa afirmar não ter interesse em coligações governamentais, André Silva afirma que “não faz sentido apoiar um governo sem acordo escrito”.

“Não me faz sentido que o PAN, a apoiar qualquer solução governativa, o faça sem estar muito claro, escrito, o que são as responsabilidades de cada um, aquilo a que está obrigado e aquilo a que não está obrigado. Fazer a sustentação de um país com base numa conversa muito bem intencionada e em que não haja nada redigido não me parece que seja caminho. Para o PAN não será caminho, certamente”, disse o líder do PAN, em entrevista ao Jornal de Negócios esta quinta-feira.

Segundo André Silva, em todo o caso, ainda é cedo para se discutir a possibilidade do PAN vir a servir de base parlamentar ao PS. “Eu acho que é precoce falarmos nessa questão, na medida em que temos de fazer toda uma campanha. Depois dos resultados das eleições estamos sempre disponíveis para conversar. O PAN e o PS são partidos completamente diferentes, com visões da economia completamente diferentes”, explica.

Para o deputado, é importante que o PS não consiga uma maioria absoluta nas eleições legislativas. Foi devido a não ter essa maioria em 2015, diz o deputado, que o Governo acabou por acolher algumas das propostas do PAN.

“O PS só acolhe estas propostas [do PAN] porque tem uma predisposição e humildade diferentes do que quando tem maioria absoluta. E daí ser extremamente importante reforçar a posição do PAN”, atira.

O deputado recusa também a ideia que PAN venha a ser, na próxima legislatura, “um apontamento, um pin na camisa, do Governo”.

André Silva foge também à ideia de que o PAN seja um partido de esquerda, apesar de ter votado favoravelmente três dos quatro orçamentos de Estado da legislatura.

“Muito mais do que em esquerda ou direita, nós revemo-nos numa discussão entre conservador e progressista, onde nós nos consideramos mais progressistas. E é natural que alguma esquerda, não toda, tenha medidas mais progressistas que vão ao encontro do PAN. O facto de termos votado os orçamentos do Governo… Nós recusámos sempre entrar no parlamento e ter uma posição de oposição pura e dura, só por si. E houve abertura do PS para acolher algumas das nossas propostas”, afirma.

O primeiro-ministro rejeitou esta quarta-feira, em entrevista à TVI, a possibilidade de vir a formar uma coligação de Governo com os atuais parceiros de esquerda, considerando que tal solução teria sido “mais instável” e “absolutamente impossível”.

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