A coligação no poder em Itália, que o líder da Liga, Matteo Salvini, fez cair há 12 dias, deverá acabar esta terça-feira definitivamente, com uma declaração no Senado do primeiro-ministro, Giuseppe Conte, na qual deverá apresentar a sua renúncia.
Todos os olhares estarão voltados para Giuseppe Conte às 15h00 (horário local, 14h00 em Lisboa), de quem se espera uma dura crítica a Salvini, seu vice-primeiro-ministro de extrema direita e ministro do Interior, após 14 meses de um Governo populista sem precedentes.
O cenário mais esperado é que o primeiro-ministro, após discursar, apresente a sua renúncia ao Presidente, Sergio Mattarella, acabando com o 65º Governo da República italiana e abrindo caminho a consultas para formar novo executivo. Em 8 de agosto, Matteo Salvini quebrou a aliança entre o seu partido (Liga) e o Movimento Cinco Estrelas (M5S, anti-sistema), de Luigi Di Maio.
Dizendo que estava cansado de conflitos com o seu aliado em grandes projetos – como o TGV Lyon-Turim -, decidiu abandonar a coligação e exigir eleições no outono, aproveitando que as sondagens lhe dão 36 a 38% das intenções de voto.
Giuseppe Conte, um procurador-geral público desconhecido do grande público até se ter tornado primeiro-ministro, exigiu, no entanto, que o processo se desenrolasse no parlamento. Nos últimos dias, Conte mostrou-se mais determinado, denunciando mais uma recusa de Salvini em deixar desembarcar migrantes, desta vez do navio humanitário espanhol Open Arms.
Contra todas as probabilidades, a próxima jogada deverá juntar o M5S e o Partido Democrata (PD, centro esquerda), para tentar obter uma aliança que bloqueie o líder da Liga. Exasperado, Matteo Salvini apelou no domingo aos seus partidários para se manifestarem contra tal possibilidade.
“Estaremos pacificamente na rua”, apelou, explicando que seria preciso “passar por cima do seu corpo” para que o M5S e o PD conseguissem fazer uma aliança, com ajuda do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.
Mesmo assim, perante o risco de ser marginalizado, Salvini suavizou o tom em relação ao chefe do Governo: “Conte continua a ser o meu primeiro-ministro e o meu telefone está sempre ligado”.
// Lusa