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Centenas de ex-presos políticos contra “Museu Salazar”

António Oliveira Salazar

Mais de 200 ex-presos políticos estão contra a criação de um “Museu Salazar”, anunciado pelo presidente da Câmara de Santa Comba Dão, distrito de Viseu, terra natal do ditador, no fim do mês de julho, escreve o jornal Público.

De acordo com o matutino, que avança com a notícia esta quarta-feira, os antigos presos políticos assinaram um abaixo-assinado contra a criação do Museu.

“Os abaixo-assinados, ex-presos políticos, manifestam, em nome próprio e no da memória de milhares de vítimas do regime fascista — de que Salazar foi principal mentor e responsável —, o mais veemente repúdio pelo anúncio da criação de um “Museu Salazar” feito pelo presidente da Câmara de Santa Comba Dão”, pode ler-se no texto em causa, a que o diário teve acesso.

No mesmo documento, apelam para que o Governo, “em conformidade com o relatório aprovado por unanimidade, em julho de 2008, pela Comissão de Assuntos Constitucionais da Assembleia da República, e com normas da Constituição da República Portuguesa, intervenha para impedir a concretização desse projeto”.

“Longe de visar esclarecer a população e sobretudo as jovens gerações sobre o que foi o regime fascista, se prefigura como um instrumento ao serviço do seu branqueamento e um centro de romagem para os saudosistas do regime derrubado com o 25 de abril”.

“Quando em muitos países se assiste ao renascer de forças fascistas e fascizantes, o país precisa não de instrumentos de propaganda do fascismo — que a Constituição da República expressamente proíbe — mas de meios de pedagogia democrática que não deixem esquecer o cortejo de crimes do fascismo salazarista e preserve a memória das suas vítimas”, observam ainda os subscritores do documento.

E apelam “a todos os democratas e amantes da liberdade que se manifestem contra a criação, nos termos em que tem vindo a ser anunciado, desse memorial ao ditador”.

“Entre os subscritores, estão Alfredo Caldeira, António Borges Coelho, António Espírito Santo, António Melo, António Redol, Camilo Mortágua, Carlos Brito, Diana Andringa, Domingos Abrantes, Domingos Lopes, Emília Brederode, Eugénia Varela Gomes, Fernando Chambel, Fernando Rosas, Francisco Bruto da Costa, Helena Cabeçadas, Helena Neves, Helena Pato, Isabel do Carmo, José Ernesto Cartaxo, José Lamego, José Leitão, José Mário Branco, José Pedro Soares, Luís Moita, Maria Luiza Sarsfield Cabral, Mário de Carvalho, Mário Lino, Modesto Navarro, Sérgio Ribeiro, Teresa Dias Coelho e Teresa Tito de Morais”, enumera ainda o jornal Público.

Obras deverão arrancar em agosto

O Museu em causa está projetado para ser construido no Vimieiro, em Santa Comba Dão, e as obras deverão começar já em agosto, segundo noticiou em julho o Expresso.

Segundo escreveu o semanário, e depois de muita polémica em torno do espólio de Oliveira Salazar, que chegou até aos tribunais e à Assembleia da República, o Museu do Estado Novo vai mesmo abrir portas. “As obras começam dentro de duas a três semanas e a abertura de portas está prevista para daqui a três meses“, revelou ao Expresso Leonel Gouveia, presidente da autarquia, no fiim de julho.

Salazar, que morreu há precisamente 49 anos, foi um ditador que governou o país entre 1932 e 1968, tendo assumido ainda a pasta das Finanças. Foi promotor do chamado Estado Novo, assente em princípios tais como “deus, pátria e família”.

Com a imposição da censura, o regime utilizava ferramentas para controlar o povo como a polícia política (PVDE, posteriormente PIDE e depois DGS) e a Legião Portuguesa.

ZAP //

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