Um estudo da Universidade de Vermont, nos EUA, usou o cheiro do alho (e outros) para afastar uma praga que ataca plantações de brócolos, couves e certos repolhos. Os investigadores descobriram que óleos essenciais de alho, hortelã, eucalipto-limão e casca de canela são eficazes a repelir este tipo de inseto.
O artigo, publicado no mês passado na Scientific Reports, mostra pela primeira vez como a semelhança de odores permite prever a repelência de insetos. No total, foram analisados 18 óleos essenciais de plantas com diferentes graus de parentesco do grupo brássico.
O motivo da investigação foi a praga Contarinia nasturtii, que começou a ser um problema para cultivadores no Canadá e no nordeste dos Estados Unidos. O inseto é um invasor recente, cujas larvas se alimentam de plantas brássicas — como brócolos e couves — para sobreviver.
Assim que a larva se instala, provoca danos no crescimento das plantas, como brócolos sem cabeça ou couves com folhas enrugadas. Os danos não são visíveis até que seja demasiado tarde para os reparar.
Para combater o inseto, os produtores queriam usar o inseticida neonicotinóide. Contudo, este pesticida está ligado ao declínio da população das abelhas. Sem métodos para travar este mosquito, os biólogos Chase Stratton e Yolanda Chen decidiriam explorar novas opções.
Stratton explica que o cheiro desempenha um papel importante na localização do hospedeiro, já que as pragas agrícolas procuram aromas familiares. No entanto, o inseto pode ser repelido por odores de outras espécies de plantas.
Determinar que óleos essenciais seriam eficazes no combate àquela praga foi um processo de “tentativa e erro”, realça Chen. Para os testes, os investigadores observaram como as fêmeas se comportavam quando plantas de brócolos eram pulverizadas com cada um dos óleos essenciais.
Repararam que os mosquitos são menos propensos a colocar ovos em plantas que tinham óleos essenciais, em comparação com as que não tinham. Também concluíram que os insetos evitavam voar para certos óleos mais do que a outros.
No geral, os óleos de plantas que eram mais distantes a brássicas — na árvore genealógica da planta —, eram mais propensos a repelir o mosquito. Também descobriram que odores mais quimicamente diferentes, são mais eficazes a serem repelentes.
“À medida que avançamos na árvore genealógica, as plantas que são mais distantes da planta hospedeira são geralmente as mais repelentes”, disse Chen.
De acordo com o estudo da Universidade de Vermont, o alho parece ser um dos repelentes mais promissores, já que é um produto ao qual os agricultores têm acesso direto. Assim, o ensaio sugere uma solução mais sustentável no combate a esta praga.
“As plantas têm-se defendido, naturalmente, contra herbívoros por milhões de anos. Por que razão somos tão arrogantes em pensar que podemos fazer melhor do que as plantas?”, questionou Stratton.
Nas áreas que o mosquito habita, o inseto pode provocar 100% de perdas nas colheitas.