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90 anos de Zeca Afonso. Família apoia classificação e salvaguarda da obra do cantautor

Wikimedia

Monumento de homenagem a Zeca Afonso em Grândola

A família do músico Zeca Afonso apoia a classificação e “o reconhecimento do interesse público” da obra fonográfica do cantautor português, que celebraria esta sexta-feira 90 anos.

A família do músico José Afonso revelou que apoia a classificação e “o reconhecimento do interesse público” da obra fonográfica do cantautor português, que celebraria esta sexta-feira 90 anos. Em nota enviada à Lusa, a família, detentora dos direitos da obra musical, explicou que “tem vindo a colaborar diretamente com o Ministério da Cultura, desde 2018, para que este desenvolva o processo de classificação dos registos”.

A família considera que “as recentes iniciativas públicas relacionadas com este tema, incluindo uma resolução na Assembleia da República e uma petição, vieram reforçar o acerto e a oportunidade desta classificação”. “Espera-se que este processo resulte, não apenas no reconhecimento oficial da importância maior desta obra, mas também na sua eficaz proteção e preservação para as gerações vindouras”, sustentou.

Esta sexta-feira, dia em que se assinalam os 90 anos de nascimento do autor de Grândola, Vila Morena, a Associação José Afonso (AJA) entregará no Ministério da Cultura uma petição, com mais de 11.400 assinaturas, que apela à salvaguarda e reedição da obra do cantautor.

A associação decidiu lançar a petição em junho, com o objetivo de acelerar o processo de classificação da obra de José Afonso, com vista à sua proteção e reedição, porque a maioria do trabalho do cantor está indisponível no mercado discográfico.

Em junho, quando foi lançada, o presidente da AJA, Francisco Fanhais, explicava que se estava perante “um imbróglio jurídico, porque a Movieplay [editora que detém os direitos comerciais da obra de José Afonso] está em situação de insolvência e não se sabe do paradeiro dos masters das músicas gravadas pelo Zeca Afonso”, o que compromete a reedição destes trabalhos.

Um mês depois, a 19 de julho, o Parlamento aprovou um projeto de resolução do PCP que recomenda ao Governo a classificação da obra de José Afonso como de interesse nacional, precisamente com vista à sua reedição e divulgação.

Nessa semana, questionado pela Lusa sobre este assunto, o Ministério da Cultura, através de fonte oficial, afirmou que reconhecia “a importância da obra de Zeca Afonso”, e que estava “a articular e a desenvolver diligências com o representante dos herdeiros de Zeca Afonso para encontrar formas de localizar e preservar os masters”.

José Afonso nasceu em 2 de agosto de 1929, em Aveiro, e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra, tendo gravado os primeiros discos no início dos anos 1950 com fados de Coimbra, pela Alvorada, “dos quais não existem hoje exemplares”, refere a associação na biografia oficial do músico.

“Voz de um povo sofrido, voz de denúncia, voz de inquietude. Voz sinete da revolução de Abril”, como descreve a AJA, José Afonso gravou álbuns como “Cantares do Andarilho”, “Traz Outro Amigo Também”, “Cantigas do Maio”, “Venham Mais Cinco” e “Coro dos Tribunais”.

Autor de Grândola, Vila Morena, uma das canções escolhidas para anunciar a Revolução de Abril de 1974, José Afonso morreu a 23 de fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada cinco anos antes.

Nos próximos dias estão previstas várias iniciativas culturais para assinalar o aniversário de nascimento de José Afonso, grande parte delas promovidas pelos diferentes núcleos da Associação José Afonso. Entre elas conta-se, por exemplo, na sexta-feira, o espetáculo Como se fora seu filho, em Grândola, com atuações do cantor Francisco Naia e do rapper Xoto, e um concerto dos Cais da Saudade em Setúbal.

No sábado, em Lisboa, José Afonso será evocado na apresentação do livro e disco José Afonso ao vivo, pelo jornalista Adelino Gomes, com atuação de Filipa Pais, Maria Anadon, Zeca Medeiros e David Zaccaria.

Em Aveiro, será inaugurada uma silhueta do músico na estação de comboios da CP, da autoria de Marcos Muge, e no sábado haverá um concerto dos Couple Coffee. Seixal, em Setúbal, celebrará a efeméride nos dias 9 e 10 com vários concertos, entre os quais de Francisco Fanhais, Manuel Freire, Tertúlia Coimbrã da Mira Tejo e Mário Barradas.

// Lusa

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