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Governo da Escócia exige novo referendo para a independência. Boris será “o último primeiro-ministro do Reino Unido”

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Scottish Government / Flickr

Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia

A chegada de Boris Johnson ao Governo levou a chefe do Governo autónomo escocês, Nicola Sturgeon, a exigir vigorosamente um novo referendo sobre a independência da província britânica.

Numa carta endereçada ao novo primeiro-ministro britânico, a líder do Partido Nacionalista Escocês Sturgeon previu que Johnson será “o último primeiro-ministro do Reino Unido” (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) e afirmou ser “mais importante do que nunca” que a Escócia tenha uma alternativa para o Brexit.

De acordo com a emissora britânica BBC, Nicola Sturgeon afirma na mesma carta que uma saída do Reino Unido da União Europeia a 31 de outubro sem acordo causaria “danos permanentes“, pedindo a Boris que “mude o rumo” do Brexit.

Em abril passado, o governo escocês anunciou a intenção de promover um novo referendo de independência para a Escócia antes do final da atual legislatura em 2021, procurando inverter o resultado da consulta feira em 2014, quando 55% dos eleitores se opuseram à independência escocesa. Em 2016, no referendo sobre o Brexit, 62% dos escoceses apoiaram a permanência na União Europeia, algo que Sturgeon considerou um argumento para a Escócia ter um estatuto diferente.

Um estudo recente do governo escocês estimou que um Brexit sem acordo poderia resultar na perda de 100.000 postos de trabalho na Escócia.

No entanto, o chefe do executivo britânico defendeu esta quinta-feira, durante o seu primeiro discurso na Câmara dos Comuns, que se o Reino Unido fosse capaz de executar um Brexit razoável, o Partido Nacionalista Escocês (SNP) ficaria sem argumentos para pedir um novo referendo. “Continuariam a dizer seriamente que a Escócia deve aderir ao euro? Será que realmente argumentam que a Escócia se deve submeter a toda a panóplia das leis europeias?”, questionou Boris Johnson.

O líder dos nacionalistas escoceses no parlamento de Westminster, Ian Blackford, respondeu a Johnson, insistindo que Sturgeon tem sido clara que “irá rever o calendário do segundo referendo da independência” e acrescentou que “a Escócia não apoiará as decisões tomadas por charlatões”.

Juncker deixa recado a Boris

Também o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, já deixou claro ao novo primeiro-ministro do Reino Unido a posição da União Europeia sobre o acordo. Numa conversa telefónica com Boris, Juncker reiterou que o Acordo do Brexit firmado entre Bruxelas e Londres é “o melhor e o único” possível para a União Europeia.

“O presidente Juncker ouviu o que o primeiro-ministro Johnson tinha para dizer e reiterou que o Acordo de Saída é o melhor e o único acordo possível”, precisou a porta-voz do executivo comunitário, na sua conta na rede social Twitter.

Mina Andreeva detalhou que, naquela que foi a primeira conversa, embora telefónica, entre ambos, Jean-Claude Juncker sublinhou que a Comissão Europeia está disponível para “adicionar texto” à Declaração Política e para analisar as ideias apresentadas pelo Reino Unido, desde que estas sejam compatíveis com o Acordo de Saída, fechado em novembro por Bruxelas e o Governo de Theresa May.

“Os dois trocaram os seus números de telemóvel e concordaram manter-se em contacto”, revela ainda a porta-voz do executivo comunitário, acrescentando que o político luxemburguês transmitiu também a disponibilidade da Comissão para clarificar de forma mais detalhada a sua posição, caso Johnson assim o solicite.

ZAP // Lusa

13 Comments

  1. No referendo à permanência no Reino Unido em 2014 os escoceses votaram no sentido de se manterem no RU. Esse, foi aliás o argumento decisivo para um resultado que, já assim, espelhava larga divisão na opinião pública.
    Os recentes acontecimentos em nada serviram para o atenuar das fracturas anteriores.
    Tendo-se alterado as condições, natural é que os escoceses decidam deixar o RU para se manterem na UE, aqui como estado independente. Se for para de facto integrarem a UE, excelente! Se vierem para continuar o papel de minagem dos ingleses, deixem-se estar no RU.

    • De acordo com a sua opinião, porque de facto o RU sempre tem estado com um pé dentro outro de fora da UE, sempre foi tratado diferencial-mente com vantagens para eles mas com enormes culpas dos políticos continentais que sempre estiveram de cocaras perante as exigências britânicas, será caso mesmo agora para perguntar caso a saída de todo o RU da UE se concretize se o inglês continuará a fazer parte da língua da União e mais ainda privilegiada como até aqui.

      • O Inglês é a língua franca em todo o mundo. Não faria sentido a UE começar a falar Francês ou alemão porque há muito menos gente a dominar esses idiomas, na Europa. O Inglês não tem sido a língua franca da UE só porque lá estava o Reino Unido.

      • Possivelmente não será tanto assim e para mais ainda lhe vou dizer outra coisa, jamais conseguirão unificar a Europa enquanto não optarem por uma segunda língua em cada país membro e que seja comum a todos eles, falou-se no Esperanzo, no entanto falta de coragem política e provavelmente pressão dos países anglo-saxónicos vai-nos deixar continuar a olhar uns para os outros com um certo ar de desconfiança.

      • É evidente que essa é uma questão muito pertinente. E não menos polémica!
        Em todo o caso, entendo perfeitamente o seu ponto de vista. No entanto, temos de ser práticos: o inglês é o Latim do século XXI. É assim nos negócios, é assim na política, na cooperação judiciária, etc. Logo, ainda que a sua questão seja muito relevante e até tenha toda a razão, a questão aqui é muito simples: a Europa vai deixar toda de falar inglês, só porque sim ou vamos ser pragmáticos. Por muito que custe a engolir o sapo (e custa-me) a resposta é óbvia. O inglês deve continuar a ser uma das três línguas de trabalho da UE.

    • Exacto.
      Os ingleses convenceram os escoceses a ficar no RU para se manterem na UE, agora, como os ingleses estão de saída da UE, é perfeitamente natural e coerente que a Escócia saía do Reino des(Unido) tormando-se independente e integrando a UE!!

    • Na altura do referendo ganhou a permanência (por muito pouco) da Escócia no Reino Unido porque caso saíssem do Reino Unido teriam de sair da UE. Como muitos queriam continuar na UE é natural que este facto tenha pesado na decisão dos escoceses. Agora que a Inglaterra quer sair é natural que a Escócia deva referendar se deve ou não manter-se ligada ao Reino Unido.

  2. E depois da Escócia segue a Irlanda do Sul e começam a batatada com os do Norte, a juntar a outros inúmeros problemas, mas estou certo que o mui competente sr. Johnson, tal qual um anjo salvador, ha-de descer do céu, com uma bandeirinha inglesa em cada mão, e resolve tudo com meia dúzia de larachas.

    • A Irlanda “do Sul” já é um país independente há muito, como República da Irlanda (Eire) e membro da U.E.! Aquilo que se refere é em relação à Irlanda do Norte (Ulster) que está sub administração do Reino Unido.

    • A Irlanda do Sul?!!! Quer dizer a República da Irlanda. Mas olhe que esses são independentes. Não fazem parte do Reino Unido e independentemente do Brexit continuarão pela UE. A Inglaterra aí não manda nada. O problema põe-se na Irlanda do Norte dividida entre Protestantes e Católicos. Aí, manda a Inglaterra e o Brexit poderá trazer alguns velhos problemas de volta.

  3. Caro ZAP, a Escócia não é uma província (tipo Catalunha). É um país. O Reino Unido por usa vez é um país que resulta da união de 4 países: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

    O nome completo deste país resultante da união de 4 países é “Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”. A “Grã-Bretanha” é a ilha maior onde se encontram Inglaterra, Escócia e País de Gales. A Irlanda do Norte está noutra ilha, juntamente com a República Popular da Irlanda (que não faz parte do Reino Unido).

    Mas em conclusão, a Escócia é um país, embora não seja independente da união de países Reino Unido. Isto na verdade é uma trapalhada que nem os Britânicos entendem verdadeiramente. Têm de ser complicados em tudo, para se sentirem diferentes, enfim… Mas que está mais ou menos ilustrada neste esquema:

    https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nations_of_the_UK.png

  4. Posso saber porque é que uma vez mais sem motivo aparente, o meu comentário foi censurado arbitráriamente??

    Fiz um comentário em que fazia uma correcção ao texto e o erro continua no texto enquanto o meu comentário foi bloqueado. Serão as pessoas assim tão complexadas que não suportam que lhes sugiram correcções para os seus erros?

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