As cerimónias de celebração do Dia da Bastilha, feriado nacional em França, ficaram marcadas por desacatos e violência nas ruas de Paris.
Segundo as autoridades francesas, a maioria dos 175 detidos foi presa por participar numa manifestação não autorizada, mas também houve detenções por atos violentos contra as autoridades, destruição de bens públicos e posse de armas.
Segundo a televisão CNews, dois dos detidos são o lusodescendente Jérôme Rodrigues, Éric Drouet e Maxime Nicole, destacadas figuras do movimento “coletes amarelos”, que há meses contestam nas ruas as políticas de Emmanuel Macron.
A situação foi especialmente tensa no início da parada militar, na avenida dos Campos Elísios, quando os manifestantes apuparam o Presidente francês e, no final, entoaram cânticos contra o capitalismo e contra o lançamento de gás lacrimogéneo.
“Quem tentou impedir o desfile devia ter vergonha. Hoje é um dia em que a nação se une e julgo que o país deve ser respeitado”, afirmou o ministro do interior francês, Christophe Castaner, aos jornalistas.
Segundo o correspondente do Expresso em Paris, a violência regressou à famosa avenida parisiense, onde foram erigidas barricadas e incêndios, lançadas pedras e gás lacrimogéneo e destruídas algumas montras de lojas de luxo.
Depois de passar as tropas em revista na célebre avenida parisiense, acompanhado pelo Chefe do Estado Maior, Macron dirigiu-se à tribuna presidencial na praça da Concórdia, onde o esperavam muitos dirigentes europeus, entre os quais a chanceler alemã, Ângela Merkel, e o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.
Cooperação militar europeia
A celebração realizou-se este ano sob o signo da cooperação militar europeia. O desfile contou com 67 aviões da Força Aérea francesa, 4.300 tropas a pé, 196 veículos militares, 237 tropas a cavalo e 40 helicópteros. Tal como todos os anos, desde 1980, o desfile começou no Arco do Triunfo e terminou na Praça da Concórdia.
As Forças Armadas portuguesas participaram no desfile com 15 fuzileiros da Marinha, sete paraquedistas do Exército e uma aeronave C-295 da Força Aérea.
Bandeiras dos dez países da Iniciativa Europeia de Intervenção, um pacto militar conjunto criado no ano passado que conta com França, Portugal, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, Holanda e Reino Unido, foram colocadas na parada militar deste domingo.
“Nunca desde o final da II Guerra Mundial a Europa foi tão necessária. A construção de uma Europa de defesa, em ligação com a Aliança Atlântica, que celebra 70 anos, é uma prioridade para a França”, disse o Presidente Macron, citado pelo Público.
“Um dos desafios que a Iniciativa Europeia de Intervenção quer enfrentar, bem como outros projetos europeus, é o fortalecimento da nossa capacidade de agir coletivamente”, disse ainda o chefe de Estado francês.
Porém, segundo o jornal, houve uma ausência notada. A primeira-ministra britânica, Theresa May, que deixa o cargo no próximo dia 23, não esteve presente na cerimónia e foi representada pelo vice-primeiro-ministro, David Lidington.
Cerimónias tiveram “homem voador” e robôs
Robôs, um “homem voador”, um exoesqueleto e uma demonstração futurista de uma plataforma voadora foram algumas das inovações exibidas nas ruas de Paris.
O campeão mundial de jet ski francês, Franky Zapata, voou com uma espingarda na mão várias dezenas de metros acima dos Campos Elíseos no “Flyboard Air”, uma máquina de sua invenção.
Esta plataforma voadora, impulsionada por cinco motores a jato, tem interesse para as forças especiais francesas, que a consideram ter “potencial para ser utilizada em operações especiais em áreas urbanas”.
Durante uma demonstração das forças especiais, em 2018, o “Flyboard Air” foi usado como uma plataforma para um francoatirador posicionado em apoio a grupos de comando para o assalto de barcos no Sena.
De acordo com o Diário de Notícias, também marcaram presença nestas cerimónias um robô multitarefas Stamina, que funciona sem recorrer ao sistema GPS, o robô Colossus usado pelos bombeiros no incêndio de Notre-Dame ou o minidrone Black Hornet, dotado de uma câmara de alta resolução.
ZAP // Lusa